Geléia Geral
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 14 de setembro de 1986
Se Paulo César Pinheiro pode, porque ele também não pode?
Ivor Lancelotti tem sido o mais constante parceiro de Paulinho - desde que Baden Powell se fixou na Alemanha . E se Paulo Pinheiro já fez seus discos como cantor, mesmo sendo antes de tudo um poeta (e um extraordinário poeta), nada mais justo do que Ivor também ter seu disco registrando algumas das tantas músicas marcantes que vem criando nestes anos.
Em produção cuidadosa do parceiro Paulinho, na qual amigos especiais se reuniram para não deixar cair a peteca, o resultado é, no mínimo, interessante. Os arranjos de Dori Caymmi, também presente no violão, a sonoridade obtida com as presenças do baixista Luiz Alves, tecladista Gilson Peranzetta (também no acordeon), Hélio Delmiro na guitarra e a sempre emocionante Nana Caymmi em "Sem Companhia", faixa que por si só já justifica a aquisição deste lp ("Cantador de Rua", Odeon, junho/1986). Não deixa sempre de ser fascinante ouvir uma canção como "Talismãs" - um dos últimos sucessos de Clara Nunes, pouco antes de sua morte, há três anos, interpretação do autor. Ou então, composições menos famosas, mas reveladoras de toda uma profunda visão do mundo como "Anti-Missa", "Luz e Sombra" ou "Pergaminhos".
Um álbum documental, forte e vigoroso este que nos traz Ivor Lancelotti dizendo suas músicas. Tem a força da verdade e da emoção.
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Nana Moustakis, cantora nascida em Atenas mas de vivência francesa, chega aos 50 anos, 25 de carreira pouco conhecida no Brasil. Por isto, palmas a Polygram por ter se lembrado de lançar um de seus melhores álbuns ("Alone" Philips), com 12 belas músicas, algumas das quais de autores identificados a correntes jovens como Benny Anderson e Bjorn Ulvaeus, do grupo sueco Abba, ou do country-writter Pete Seeger. Cantora de um repertório internacional, vivência em muitos países, Nana Moustakis teve agora uma faixa bem catipultuada [caitituada] entre nós: "Only Love", tema de série de tv "Quando Pinta o Amor".
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Depois do Band Aid e do We Are The World, uma reunião de nomes fomosos do Heavy Metal para ajudar a causa da Etiópia. E em "Hear 'N Aid" (Polygram) uma mostra de que afinal os metaleiros também sabem ser solidários. Em maio último, 40 nomes do universo Heavy Metal gravaram em Los Angeles "Stars", um single que seria a parte inicial de um álbum com renda em benefício da Etiópia. O projeto cresceu , com a participação de grupos como Judas Priest, The Scorpions, Iron Maiden, Quiet Riot, Bon Jovi e Black Sabbath - resultando também um vídeo especial. Enfim, uma demonstração de bom-caratismo do pessoal do Heavy Metal, para uma causa nobre.
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Falando em lançamentos internacionais, a Polygram traz um novo grupo ao Brasil: Hipsway, que surgiu em Glasgow, no final de 1983. Com formação liderada pelo ex-vocalista do Jazzateers, Graham Skinner, o Hipsway emplacava seu primeiro sucesso há um ano ("Broker Years"), suficiente para catipultuar [lançar] dois outros compactos. Agora, um elepê com um som cool e dançante para as discotheques da vida.
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"Central de Boatos", irreverente (e criativo) house organ que a Polygram está distribuindo para informar sobre seus lançamentos, diz Mark Knopfler, líder do grupo inglês Dire Straits vem ao Brasil em breve. Até dezembro o lp "Brothers in Arms", do DS já deverão ter ultrapassado a marca do meio milhão de cópias o que animou Knopfler a vir conhecer o Brasil. Um mix, com duas das mais solicitadas faixas do "Brothers in Arms" - "Why Whorry?" e "One World", saiu agora num promocional especial. Knopfler é um guitarrista compositor de grande força, que não fica apenas no trabalho com o Dire Straits. Prova disto é sua magnífica trilha para o filme "Cal", inédito nos circuitos comerciais no Brasil mas que pode ser visto em teipe.
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Mais um "produto" de boa aparência, mas descartável, para o público jovem: Angel (Angelo José Siciliano, São Caetano do Sul,SP, 22/7/1967), que começou imitando Michael Jackson e Julio Iglesias e agora, ganhando um elepê (CBS, agosto/86) traz até uma versão de "Te Quero Tanto", do espanhol J. L. Perales (outro sub-Iglesias, que a CBS começa a catituar no Brasil). Um exemplo de artista feito para um consumo imediato, de exploração rápida e futuro indefinido.
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