Itamara, a nova estrela da MPB
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 24 de abril de 1992
Depois de Jane Duboc e Marisa Gata Mansa, o Paiol apresentará amanhã e domingo mais uma excelente cantora. Uma cantora ainda desconhecida do público e que se não merecer uma boa promoção corre o risco de cantar para um teatro vazio - o que será imerecido haja visto o seu talento: Itamara Koorax.
Considerada a revelação de 1990 - quando registrou "Se eu quiser falar com Deus" (Gil) para a trilha da série "Araponga", Itamara gravou posteriormente "Iluminada" para outra minissérie, "Riacho Doce". Suficientes credenciais para a Associação Paulista de Críticos de Artes a colocarem como o grande destaque - numa distinção do qual nós, também, aqui em O Estado, em nosso levantamento anual sobre MPB, incluímos.
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Apesar de ainda não ter tido chance de fazer um elepê solo, Itamara Koorax tem se apresentado bastante. Já esteve no Japão e Nova York - ali fazendo gravações e, entre 26 a 29 de março, fez uma temporada no Teatro da Barra no Rio de Janeiro, acompanhada pelos músicos que virão com ela para suas duas únicas apresentações no Paiol: Mauricio Carrilho (violão) e Paulo Malugutti (teclados). No repertório, músicas de Chico Buarque ("Vitrines", "Canção Desnaturada"), Tom ("Luiza"), Aldir Blanc ("Linha de Passe", "Saudades da Guanabara") e, especialmente, Martinho da Vila ("Disretemia"), que apresentou no espetáculo do Prêmio Shell, em novembro de 91, quando o autor de "O Pequeno Burguês" foi o grande homenageado.
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Chamada de "a menina que canta demais" por Elizeth Cardoso - que foi sua madrinha no projeto "Vozes pros 90" (Rio Jazz Club, 1990), Itamara já percorreu as melhores casas noturnas do Rio de Janeiro. Fluminense de Niterói, descobriu sua voz de soprano lírico na época em que estudava no Centro Educacional de Niterói, onde integrou ao coral - com o qual viajou à Europa em 1976. Destaque em "Mulher 90" (Rede Globo), em março do ano passado representou o Brasil no Festival Latino-americano, em Nagoya e Tóquio.
Nem bem retornou e foi para Nova York, participando da gravação do CD "All Stars", produzido por Creed Taylor, da CTI Records, com bambas do jazz como Eddie Gomez (baixo), Jack de Johnette (bateria) e Gil Goldenstein, até agora só lançado no Japão.
Vale a pena anotar e conferir: aplaudir Itamara Koorax no Paiol é ver, pela primeira vez em Curitiba, uma das mais bonitas vozes que surgem neste final de século.
LEGENDA FOTO
Itamara Koorax: surge uma nova estrela na canção brasileira. (Foto Humberto Medeiros)
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