No campo de batalha
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 11 de agosto de 1987
A premiação de "A Classe Roceira", de Berenice Mendes, foi significativa porque estavam em competição curta-metragens de altíssima produção. "S.O.S. Brunet", de Betse de Paula (filha do cineasta Zelito Viana), por exemplo, é uma realização sofisticada, com nomes famosos (Carlos Gregório, Antônio Pedro, a modelo Luiza Brunet) no elenco, música de David Tyguell e ótima fotografia. Nem por isto conseguiu qualquer premiação.
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Outra produção sofisticada, simpática e comunicativa que também competiu mas sem obter maiores premiações (só uma menção honrosa pelo elenco infantil): "Churrascaria Brasil", na qual o diretor Fred Confalonieri, diretor de telenovelas da Globo, investiu mais de Cz$ 1 milhão. Este curta tem um grande mérito: é divertido, com um final surpreendente. Fará sucesso quando for lançado nos cinemas, cumprindo a lei do curta. E tem mais a trilha sonora, na base do pagode, é inspiradíssima.
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No encerramento do Festival foi lido um longo documento contendo reivindicações do I Encontro Norte/Nordeste das Associações Brasileiras de Documentaristas. Três páginas em que estão inúmeros problemas dos realizadores de curtas e média-metragens, cada vez mais atuantes em busca de seus espaços cinematográficos.
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Não faltou também humor: antes da premiação oficial, as simpáticas recepcionistas fizeram suas indicações. A bela Dira Paes, morena paraense revelada em "A Floresta das Esmeraldas" e o grande destaque de "Ele, o Boto", ganhou o prêmio Miss Biquíni. O cineasta Jorge Duran, de "A Cor de seu Destino", exibido em substituição a "Sonho de Valsa" de Ana Carolina (cancelado horas antes, sob supostos "problemas técnicos"), ganhou o prêmio "PT". Ninguém entendeu. Já, no entendimento das recepcionistas, o melhor longa-metragem foi "Anjos da Noite", de Wilson de Barros.
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Até dona Lúcia Rocha, mãe do cineasta Glauber Rocha - homenageada várias vezes durante o Festival - participou do clima de brincadeira. Ganhou o "troféu água viva": um copo d'água. Que bebeu no palco.
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Os cearenses que deram certo como produtores foram homenageados: Luís Carlos Barreto e Zelito Viana. Barreto lembrou também Renato Aragão, outro pau-de-arara que triunfou fazendo cinema.
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A prefeita Maria Luiza Fontonelle foi a mais aplaudida na noite do encerramento: astutamente aproveitou para assinar, no palco, a regulamentação do Fundo Municipal de Cinema, criado a partir de um modelo aprovado pela Câmara de Curitiba. Mas que, em nossa cidade, até agora ainda não foi regulamentado. Maria Luiza, soube capitalizar a situação e embora a Prefeitura de Fortaleza não tivesse contribuído com nenhum centavo para o Festival, aproveitou a ocasião para se promover. Depois da sessão de encerramento, convidou os cineastas que tiveram filmes premiados para um jantar.
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