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Aramis

O "café" de ótimo gosto

Se "Café Bleu" (Polydor/Polygram, dezembro/84) tivesse sido ouvido alguns dias antes de fecharmos o suplemente dos melhores lançamentos internacionais, sem dúvida seria incluído coo um dos melhores discos do ano. E a faixa – "The Paris Match"- entraria entre as melhores músicas. Realmente, este duo formado por Paulo Weller e Mick Talbot, agora sendo apresentado aos ouvintes brasileiros, é um exemplo de criatividade e bom gosto musical. Já formado na Inglaterra, o Style Council foi formado há apenas dois anos – mas seus integrantes tinham alguns anos de estrada. Weller liderou por mais de 7 anos o The Jam, do qual era vocalista e guitarrista, resolveu partir para um novo trabalho, abandonando suas origens "Mod" (os "mods" são uma das muitas "tribos" que integram a imensa colcha de retalhos de tendências musicais na Inglaterra). Assim, o Style Council foi formado com a preocupação de mostrar um trabalho que não se repetisse uma série de fórmulas já desgastadas por vários grupos ingleses. O estilo adotado por Weller e Talbot é baseado numa estética dos anos 60. Graças a isto, há a positiva influência do jazz e da bossa nova – o que se pode sentir nas faixas "Mick's Blessings", "me Ship Came In!" e, especialmente, os enternecedores "Blue Café" e "The Paris Match". Excelentes instrumentistas, Weller e Talbot são também vocalistas suaves – como demonstram em "My Ever Changing Moods", outra das belas faixas deste elepê. Pelo romantismo de alguns momentos, já houve até quem insinuasse que Weller seria um fã de Roberto Carlos. Maldade pura: Weller é milhares de furos mais talentoso do que o repetitivo "rei" tupiniquim. Talbot, um tecladista que também esbanja suavidade, passou por vários grupos – entre eles o irlandês Dexy's Midnight Runners – antes de associar a Weller. "Speak Like a Child", primeira gravação do The Style Council, lançado em março de 1983, chegou ao 4º lugar nas paradas inglesas – e todas as canções gravadas a seguir também tiveram ótima aceitação. Vieram apresentações internacionais e "Café Bleu", primeiro elepê, lançado há dez meses passados na Inglaterra e que agora, em tão boa hora chega ao Brasil. Um disco suave, belíssimo – que se pode decepcionar aos curtidores do som eletrificado – é um verdadeiro colírio auditivo a quem aprecia a música suave e inteligente. Classificar, aliás, este lançamento como de rock é erro imperdoável.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
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20/01/1985

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