O editor-documentário (I)
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 13 de julho de 1976
Ontem, já pela manhã, a professora Oksana Borussenko, diretora do Departamento de História da Universidade Federal do Paraná, recebeu um importante convite: o editor Marcos Margulies, do Rio de Janeiro, está interessado em lançar, através de sua respeitabilíssima Editora Documentário, a tese que defendeu, já há 2 anos, sobre a emigração estava no Paraná, e que lhe valeu a aprovação com nota máxima na Universidade Maximilian, em Munique, onde, a mestra tem retornado, semestralmente, para orientar cursos de demográfica histórica.
Marcos Margulies, 49 anos, 16 de Brasília, além de cineasta, editor, homem de televisão é também sociólogo e historiador, professor em várias Universidades. E assim, seus contatos em sua rápida passagem por Curitiba, no dia de ontem foram mais no âmbito universitário, do que as livrarias da cidade - onde encontrou suas edições, "porque as mesmas não são indicadas pelos professores", na alegação dos desinformados livreiros.
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Formando em sociologia pela Universidade de São Paulo. Marcos Margulies foi um dos principais colaboradores de Paulo Duarte na edição histórica revista "Anhembi", durante 9 anos (1954/63). Posteriormente, na Editora Abril, foi o responsável pela implantação do setor de fascículos, coordenando as primeiras - e mais importantes - coleções: "A Bíblia", "Conhecer" e "Gênios da Pintura". Após uma passagem pela Bloch e Delta. Margulies fundou a sua própria editora - a Documentário, já com 34 títulos lançados, voltados principalmente a um gênero da maior seriedade, e que se encontrava abandonado, em termos editoriais, no Brasil: o ensaio. Explica o editor: "Existe um consumidor em potencial para os ensaios, quantitativamente crescente. Há produtores - muitos autores escrevendo ensaios importantes. Falta ainda a ponte de ligação, a comercialização, pois são poucas as livrarias existentes no Brasil e os livreiros, a maioria das vezes, não sabem trabalhar com a mercadoria, mais prejudicando do que ajudando". E Margulies dá um exemplo concreto.
- Um dos ensaios que eu editei é o estudo psicanalítico "O Assassinato dos Filhos", do argentino Arnaldo Raschowski. Pois, este livro, já encontrei em várias livrarias nas estantes destinadas a novelas policiais. Assim não dá:
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Na década de 50, Marcos Margulies foi roteirista da Vera Cruz, quando Franco Zampari sonhava em fazer a "Hollywood paulista". Posteriormente, realizou uma série de documentários de arte ("O Descobrimento do Brasil", "Lasar Segall", MASP etc.), que lhe valeram três "Sacis" e três prêmios "Governador do Estado". Com boa experiência na televisão, recentemente foi o coordenador da produção "O Mundo em Guerra", numa série de 28 capítulos, no qual utilizou filmes de cinematecas de vários países.
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