Sonhos do passado
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 30 de maio de 1984
" A Juventude é um defeito que o tempo corrige depressa demais"
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A primeira lembrança que as sequëncias iniciais nos trazem é de "Os Maridos" ( The Husbands ) que John Cassavetes realizou e, 1970, Um grupo de amigos que volta a se reunir devido a morte de um deles. No filme de Cassavetes, após a cerimônia fúnebre, três dos antigos companheiros separados há anos. Embriagam-se recordam o passado e tal, como garotos rebeldes, decidem fazer gazta em seus compromissos familiares e acabam voando para Londres, em busca de aventuras amorosas.
Em "O Reencontro" ( Cine Astor 4 sessões ), uma visão com a amadurecimento de passados 13 anos, o espaço geográfico não é tão longo: os sete colegas que haviam se reunido para o enterro de Alex, que se sucidou, decidem estender a permanecia na cidade por mais algumas horas, permanecendo na casa de dois dos membros do grupo, Harold ( Kelvin Kleine ) e Sarah ( Glen Close ). Ali, ao longo de um fim de semana, as revelações, os entrechoques, balanço dos sonhos do passado e ideais da juventude e a realidade de meia idade, faz com que aflorem personagens de maior ternura e honestidade como há anos não se via nun filme.
Uma bola insistência de algumas pessoas em teimarem na fixação de parâmetros comparativos entre este " O Reencontro" e "Laços de Ternura" - talvez pelo fato de ambos terem lançamento simultâneo, disputado várias categorias de Oscar e principalmente, por se soltarem a gente de nosso cotidiano, ou melhor do cotidiano americano, ou pois ambos são filmes absolutamente americanos em seu way of life. Entretanto, as comparações devem parar aí. Se " The Big Chill" abre com uma trágedia ( o suicidio de Alex ), " Laços de Ternura"é que se encerra com a morte. Se um tem uma liguagem elvolutiva, cronológica, cobrindo vários anos de vida, "O Reencontro" é sintético, lenbrando mais uma peça teatral. Ambos porém, extremamente humanos e sinceros na pungência de suas imagens e na elaboração dos personagens.
Ex-roterista de sucesso ( " O Império Contra-Ataca ", " Os Caçadores da Arca-Perdida", e " O Retorno de Jedi ", Lawrence Kasdan já havia revelado em seu filme de estréia, com diretor, uma grande capacidade de sintese cinematografica: " Corpos Ardentes" ( Body Heat, 1982) na linha dos filmnoir se constituiu num thrilling de intensa precisão, na qual o suspense e o erotismo se equilibravam com perfeição. Agora, neste " The Big Chill", Kasdan da impressão de alguém que não deseja perder um segundo, um fotograma sequer, como tão bem lembrou Edmar Pereira, ao salientar que a cena de confortável rotina entrecortada por uma chamada telefônica que os olhos intensamente expressivos de uma atriz ( Jobeth Willians ) tornam dramática. Em seguida sem qualquer pausa ou interrupção, outros personagens vão sendo apresentados, com suas aparições alternadas por detalhes de um cadaver sendo parado para o funeral, enquanto os créditos são projetados sobre essas imagens.
A linguagem de " The Big Chill" é tensa e nervosa, os diálogos insidpensáveis para acompanhar toda a estrutura dramática tecida no roteiro de Kasdan. E, essencialmente, o filme não faz concessão em sua visão da América, seus valores e seus costumes. No microcosmo dos antigos colegas que se reúnem para a cerimônia do adeus ao companheiro que foi, deliberadamente, é espelhado a realidade de cada um - já que a vida tornou obrigátorio novos caminhos. Os quatro homens e três mulheres, do idealismo dos tempos de colégio, chegam a meia idade comprometidos com o sistema ao qual pensavam resistir mas isso narrado sem dramas, sem raiva, ao contrário, com ironia e humor, especialmente nas invenções do jornalista Michel ( Jeff Goldblum ), da revista "People ), e um dos personagens âncora na criação de toda a trama. O empresário bem sucedido, Harold ( Kelvin Kline ); o astro de tv, Sam ( Tom Berenger ); Nick ( William Hurt ) que deixou no inferno do Vietnã a sua virilidade e, de volta a casa, não se reencrotou ainda e que ao final, tenta dar prosseguimento aquilo que alex pensava realizar, inclusive na companhia de sua namorada, Chloe ( Meg Tilly ), As mulheres tornaram-se médica, Sarah ( Glen Close ), a anfitriã; uma advogada, Meg ( Mary Klay Place ), que optou pelo lucro do que defender criminosos sem recursos e Karen ( Jobeth William ), esposa de Richard ( Don Galloway ), um homem de negócios. São poucos personagens mas muitos os diálogos neste filme com uma trilha sonora ( lançada no Brasil pela RCA ) formada ao som de hits do inicio dos anos 60 como " Yon Can't Get Always What Whant", "Good Lovin", " Ain't Too Produd To Bege". " A whiter Shade of Pale" e natural Woman", entre outros.
Cristalino e um tanto frio ma medida em que não busca recursos dramáticos, mas suficiente sério e profundo para analisar a perda de inocência. O ceder ao sistema, os planos realizados ou frustados de felicidade dos ideais da mocidade a presença da morte como disse Edmar Pereira, fazem " O Reencontro" ter uma retomada a esclarecimento de laços afetivos de anos passados repassados a limpo. " The Big Chill" tem muito a ver com toda uma geração especialmente americana, mas também universal na medidada em que os sentimentos não obdecem limites geográficos ou temporais. Um filme admirávelmente bem construido, um elenco perfeito fazendo este um daqueles filmes exemplares de ( ra)análise de amizade, dos sonhos e ilusões perdidas quase um video teipe do que se viveu ( ou se pensou em viver ), mas que não se consegue apagar ou voltar atrás. Por isto, o titulo do que o encontrado no Brasil : o grande calfrio de quem sente que os "defeitos"da mocidade foram corrigidos depresa demais, como diz Casanova numa das mais belas frases de "Le Nuit De Verenes". Há 200anos, já uma verdade...
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