Um big-band de nossos dias
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 24 de fevereiro de 1985
Como faz bem ouvir uma big band com aqueles sons vigorosos dos metais numa precisão harmônica que faz os anos 30 e 40 serem sempre curtidos com nostalgia e emoção! Não é preciso ter vivido naquela época para se emocionar com o som de toda uma era de grandes orquestras. Basta ter sensibilidade. Há algumas semanas aqui nos referimos a belíssima série de reedições que a Franklin Mint Society vem fazendo nos Estados Unidos - infelizmente sem qualquer possibilidade de ter edições no Brasil.
Em compensação a WEA, através da série jazz Odissey, lançou há algumas semanas um excelente álbum com a orquestra de Les Baxter - que se não foi um dos maiores líderes de big-bands teve, entretanto o mérito de saber harmonizar com perfeição grandes momentos.
Agora é a CBS, cujo catálogo jazzístico também é de primeira ordem, que nos traz uma agradável surpresa. Não uma big band, do passado, mas sim uma orquestra de metais criada há apenas quatro anos no Canadá e que já se tornou popularíssima naquele país: The Spitfire Band. Propositalmente, a banda procura uma identidade militar - pois durante a II Guerra Mundial houve, grandes bandas com formação jazzística, a começar pela própria orquestra que Glenn Miller organizou entre 1941/45 e que deixou preciosos registros.
A Spitfire Band tem feito dezenas de apresentações em rádios e estações de televisão no Canadá e também nos Estados Unidos, sempre com enorme sucesso. O produtor Jackie Rae e o diretor musical e arranjador Micky Erbe procuram realçar, com primorosos arranjos, standards que caracterizavam a era do swing, com músicas que Glenn Miller, Tommy Dorsey e Benny Goodman imortalizaram. Laurie Bower, uma cantora de sensibilidade, faz intervenções vocais perfeitas, realçando o repertório suave e agradável com temas como "Airmail Special" (Goodman/Mundy/Christian), "Back Bay Shuffle" (McRae/Shaw), "Cherokee" (Noble/Shapiro/Bernstein), "Don't Be That Way" (Goodman), o conhecidíssimo "Stoppin'At The Savoy" (Razarf/Goodman/Webb/Sampson), além de dois meddley, no qual, entre outras preciosidades. Laurie Bower une vocalmente o tema "On the Atchison" ao "Topeka & Santa Fé", que Judy Garland havia imortalizado há mais de 40 anos.
Complementando o gabarito deste disco - lançado pela CBS, em produção orientada por Maurício Quadrio - o álbum "Flight III" reproduz uma pintura criada por Don Anderson, um antigo artista que integrou a Royal Canadian Air Force.
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