Um domingo de sol com a "Solidança" de Rita
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 12 de fevereiro de 1985
Domingo à tarde na Festa da Uva, em Santa Felicidade, a Carreta da Fundação Teatro Guaíra levou um espetáculo diferente: a bailarina Rita Pavão apresentando um espetáculo-solo, de 45 minutos, com criações sobre vários temas. Foi a estréia de um espetáculo de dança que, em boa hora, será mostrado em vários bairros e algumas cidades do Interior, dentro do Projeto Carreta da Popularização da Arte. E a escolha de Rita para mostrar a arte da dança não poderia ser melhor. Profissional das mais competentes, seis anos de especialização em universidade da Califórnia, Rita procura desenvolver um ballet moderno, criativo, capaz de ter grande comunicação junto ao público.
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A simplicidade de Rita em buscar uma empatia com faixas mais simples de público - muitos dos quais nunca assistiram a um espetáculo de dança - começou com a boa idéia que teve para conduzir, musicalmente, o espetáculo: um velho aparelho de rádio, sintonizado por uma mulher vai oferecendo os diferentes sonoros. Começa, por exemplo, com um programa rural (aproveitando a comunicabilidade de "Chico Bento", mineiro de Montes Claros) e passando, então por Pink Floyd, Eduardo Dusek, Barão Vermelho, Flora Purim, Fernando Falcão, e George Benson, até chegar, ao final, com os "Bailes da Vida", de Milton Nascimento e, para que todo o público vibre e se integre, o "Vai passar", o samba-de-enredo que Chico Buarque incluiu em seu último elepê.
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Rita quer desmistificar a dança. Desestilizar essa arte, fazendo-a chegar a muitas faixas de público. Num espetáculo solo, ao qual deu o feliz título de "Solidança", mesmo nome de seu prometido livro de poemas e no qual vai revelar outra face de seu talento. Para Rita, "Dançar é mover-se como vento/é o viver do dia a dia".
LEGENDA FOTO - Rita: "Solidança" para o povo.
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