Desde ontem, ao entardecer, telas e esculturas dos mais representativos artistas plásticos dos anos 30 a 50, estão sendo praticamente revelados ao público interessado. Graças a feliz idéia dos professores, Ivens de Jesus Fontoura e Henriqueta Garcez Durate, a Escola de Música e Belas Artes do Paraná substituiu a empoeirada secretaria, que ocupava as duas salas de entrada do velho prédio, por um dos mais originais salões de exposições da cidade. Totalmente pintado em preto, com boa iluminação, a nova galeria destaca os trabalhos, e para inaugurá-la, foram retirados dos porões da instituição, quadros de Viaro, Nísio, Freiseleibein, Lange de Morretes, esculturas de Turin e outras peças de artistas já falecidos que, na Curitiba dos anos 30,40 e 50, foram os primeiros a se destacar no meio plástico - numa época em que havia arte autêntica e sincera, e não o mercantilismo que hoje impregna o setor. xxx Na terça-feira, dentro da promoção "Ponto & Vírgula", o artista Fernando Velloso, diretor do Museu de Arte Contemporânea e aluno da Primeira turma da escola (1948), falou sobre a situação das artes visuais do Paraná. Homem sem papas na lingua, que sabe das coisas e sempre se caracterizou pela sinceridade, Velloso fez uma corajosa colocação, muito oportuna para os dias atuais. Quinta-feira à noite, houve uma experiência diferente: um debate sobre música popular brasileira, com a participação de William Sade, Didier Bettega e este colunista. Informalmente, como uma viva participação da platéia, houve uma salutar troca de impressões a respeito da situação da MPB - suas propostas e (dez) caminhos.

Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:

Veiculo: Estado do Paraná

Caderno ou Suplemento: Nenhum

Coluna ou Seção: Tablóide

Data: 15/05/1976