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Aramis

Apenas Como Registro...

O Carnaval já passou e, como era esperado, se cantou e se ouviu apenas as músicas do passado. raras foram as marchas e sambas criadas especialmente para este Carnaval, conforme, rapidamente, registramos em nossa coluna diária. A nossa ausência do país, nos impediu de registrar, antecipadamente, os poucos discos carnavalescos que nos chegaram as mãos, dos quais, agora fica aqui a anotação. O Som Livre / Sigla, por exemplo, que vem, num idealístico esforço, procurando estimular os compositores a fazerem músicas para o carnaval, através da promoção "Convocação geral", també começa a sentir que realmente o gênero transformou-se - para não dizer, acabou-se. Afora problemas de julgamento - sobre o qual o compositor paranaense Heitor Valente tem uma série de restrições, ao invés dos dois álbuns que apareceram em 77, tivemos agora apenas um disco. Em compensação, foram convocados nomes conhecidos para defenderem às 14 músicas finalistas da promoção: Moraes Moreira & Trio Elétrico ("Pombo Correio"), Os Originais do Samba ("Nego Véio Quando Morre"), Rita Lee (?) ("Fonte da Juventude"), Maria Alcina ("Hino do Coríntians"), Eliane Pitman / César Costa Filho ("A Escola de Samba") e Luís Ayrão ("Em pleno Carnaval"), entre outros. A CBS, que sempre proluziu elepês com marchinhas e sambas, nas vozes dos cantores ligados ao carnaval (Emilinha, Jorge Goulart, Marlene, etc.) Este ano distribuiu apenas os "Sambas-de-Enredo" da Federação dos Blocos Carnavalescos do Estado do Rio ("Na Passarela" 1978), que vale como documentação, apenas. Entre os intérpretes, Carlão Elegante, Sereno, Zé Carlos da Viola, Sam Rodrigues, Sílvio Paulo, Simões e Renata Lu. Bem mais interessante, em termos de documentação, é o elepê "Capital do Frevo", produzido pela Rozemblit, de Recife, gravadora nacional que há anos não tem comercialização de seus lançamentos no Sul, e que agora foi adquirida por um [grupo] econômico, do qual fazem parte, entre outros os compositores Chico Buarque e Paulinho da Viola. A Rozemblit tem, aliás, o melhor acervo de frevo, como não poderia deixar de acontecer. Neste "Capital do Frevo / Carnaval 78", encontramos frevos canções, frevos de rua, maracatu e frevos de bloco, incluindo obras de mestres como Capiba, Plácido de Souza e os Irmãos Valença. A Beverly, do grupo Copacabana, aproveitou a Banda Rio - Copa, para produzir um lp ("Carnaval", BLP 9176), reeditando mais de 20 antigos sucessos carnavalescos - ou seja "os sucessos do salão", que se cantou, se canta e se cantará na festa. Finalmente, a Philips atacou com um disco oportuno: "Caetano, Muitos Carnavais...". Como anualmente o baiano faz suas músicas carnavalescas, agora foram reunidas a algumas outras composições de Carnaval que Caetano gosta e o resultado foi um disco expressivo e interessante, onde temos "Muitos Carnavais", "Chuva, Suor e Cerveja", "A Filha de Chiquita Bacana", "Deus e o Diabo", "Piaba", "Atrás do Trio Elétrico", "Um Frevo Novo", "Cara a Cara", "La Barca" e "Qual é, Baiana" (estas duas em parceria com Moacir de Albuquerque). Duas homenagens baianas de Caetano: as gravações de "Hora da Razão" (Batatinha / J. Luna) e "Guarde seu Conselho" (Luis de França - Alcebíades Nogueira). Houve ainda os tradicionais álbuns da Top Tap, com os Sambas-de-Enredo das Escolas de Samba do Rio de Janeiro, afora uma experiência nova, com [sambas-enredo], de escolas de várias capitais. Mas estes discos ainda não chegaram em nossas mãos, não é Cristóvão?
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Jornal da Música
Carnaval
26/02/1978

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