Continua em cartaz Mozart
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 01 de fevereiro de 1986
E o festival Mozart prossegue! Enquanto o filme de Milos Forman continua a fazer boas rendas em muitas cidades - e já se programa sua reprise em Curitiba - a Polygram e CBS continuam a editar novos LPs com interpretações da obra de Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791), que realmente deixou uma imensa e significativa obra.
Assim, com o pianista Daniel Barenboim e Itzhak Perlman, em gravação da Philips, feita em 1984, em Hamburgo, temos três sonatas para piano e violino, obras representativas de sua fase jovem, quando a forma de música mais popular era a chamada "sonata acompanhada" - a sonata para piano (ou cravo), com acompanhamento de violino. Das três sonatas nesta gravação, duas foram compostas em Manheim e uma em Paris.
Mais ambiciosos, os Concertos para Piano e Orquestra nº 25 e 19, em Dó Maior e Fá Maior, respectivamente, são apresentados com a Sinfônica de Londres, sob regência de Cláudio Abbado e tendo como solista Rudolf Serkin. O Concerto em Dó Maior, K-503, foi terminado por Mozart no dia 4 de dezemro de 1786, dois dias depois da Sinfonia "Praga". Segundo o musicólogo Denis Mattews, foi provavelmente concebido para os seus concertos de inverno em Veneza. Já o Concerto em Fá Maior, K-459, é o último dos seis concertos para piano e orquestra escritos por Mozart no annys mirabilis de 1784, para as manifestações concertísticas (ou "academias") de Viena.
Murray Perahia, que em setembro de 1972 tornou-se o primeiro americano a vencer o Concurso Internacional de Piano de Leeds, na Inglaterra, em 14 anos de contrato com a CBS tem feito centenas de gravações - grande parte das quais vêm sendo editadas regularmente no Brasil. Aos 39 anos, Perahia é chamado de "O jovem príncipe do piano", por seu estilo elegante e marcante. Pela CBS, temos Murray como solista e regente da Orquestra de Câmara Inglesa, numa execução do mesmo Concerto nº 19 de Mozart - que na gravação da Polygram pode ser apreciado sob regência de Abbado e com Serkin como solista. No lado B do elepê, o Concerto nº 23 em Lá Maior, K-488, obra também composta em 1790, ano particularmente pródigo, que viu, entre outras obras, a composição de três concertos para piano e da obra-prima para o teatro que é a ópera "As Bodas de Fígaro". A respeito deste concerto, acentuou Robert T. Jones: "as belezas são extremamente sutis e evitam o lado brilhante da maioria dos concertos desse período da vida de Mozart. Não se encontram nele trompetes nem tímpanos, nada que possa distrair do que parece ser apenas uma respiração de terna emoção".
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