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Aramis

Estacionamentos, afinal um basta na exploração

Afinal apareceu um vereador disposto a colocar o dedo na ferida de um dos problemas da cidade: a exploração desenfreada por parte dos donos de estacionamentos. Há anos que um pequeno grupo de privilegiados proprietários de imóveis do centro - alguns apenas arrendados - vem acumulando fortunas a custa do caos urbano e da inexistência de uma concorrência, já que a Prefeitura suspendeu há muito tempo autorizações para abertura de novos estacionamentos. Quem já possuía concessão ficou cada vez mais rico e, sem qualquer fiscalização, aumenta a bel prazer o preço do estacionamento de veículos, não assume qualquer responsabilidade e, em muitos casos, trata grosseiramente os que necessitam - e o que fazer? - deixar ali seus veículos. xxx Jair César de Oliveira, 49 anos, modesto advogado do Bairro alto - que conseguiu eleger-se pelo PDT, com 1.807 votos, entendeu que a exploração dos estacionamentos tem que ser coibida. Assim, apresentou há algumas semanas um projeto de lei pelo qual os estacionamentos (os privados e também os que são explorados pela Urbs) passem a ter uma tabela contada de 15 em 15 minutos a partir da primeira hora, pois, atualmente, passando 60 minutos, os mesmos são inflexíveis: cobram mais NCz$ 4,00 (em alguns casos, até NCz$ 5,00) dos infelizes que são obrigados a utilizar seus espaços. Além do mais, o projeto do vereador Jair César pretende que os estacionamentos assumam alguma responsabilidade, criando um seguro para os carros que ficam nestes locais. Comodamente, os proprietários dos mesmos eximem-se de qualquer responsabilidade - roubos, acidentes, riscos nos carros, etc. E inúmeras vezes, manobristas despreparados têm estragado veículos, especialmente nas horas do rush, quando pela ganância, os estacionamentos ficam com sua capacidade ultrapassada. Caberia ao Ippuc - que, felizmente, tem um engenheiro competente em sua presidência (Cassio Taniguchi) ou mesmo a Secretaria do Desenvolvimento Urbano - dirigida por um arquiteto de visão (Manoel Coelho) - se preocuparem com esta questão, inclusive no exame de uma tese que o grande urbanista Lubomir Ficinski, ex-presidente do Ippuc e hoje consultor internacional do Banco Mundial, defende: a necessidade de serem estimulados novos estacionamentos na cidade. Em recente gravação para o projeto Memória Histórica do Paraná, Lubomir defendeu a necessidade de se acabar com a exclusividade com que se transformaram os atuais estacionamentos, insuficientes para atender a demanda de veículos - e que tem beneficiado apenas os seus proprietários. A alegação que faz o prefeito Jaime Lerner - que já em sua primeira gestão passou a suspender a concessão de autorizações para novos estacionamentos - foi a de que não se deve estimular a vinda de veículos para o chamado "Anel Central". Esquece o ilustre alcaide que apesar de toda teorização, milhares de veículos continuam a entrar na cidade e, por uma razão ou outra - mesmo com todo o engarrafamento - são obrigados a circularem no centro. Logo, com esta visão de avestruz, a Prefeitura não só dificulta a vida de milhares de pessoas como, estranhamente, beneficia um grupo de particulares. xxx Londrinense de nascimento mas se dizendo curitibano de coração, Jair César de Oliveira, casado, 3 filhos, católico praticante, está disposto a lutar por tudo aquilo que se relaciona ao problemas das pessoas que são prejudicadas em seu dia a dia na cidade. Já apresentou um projeto obrigando os motoristas e cobradores das empresas de transporte coletivo, bem como a motoristas de táxis, freqüentarem cursos de relações públicas e boas maneiras, "forma de acabar com os verdadeiros animais que atendem mal ao público" - diz o vereador. O vereador Jair César acredita que, dentro das limitações do trabalho de vereador, "é impossível fazer com que o cidadão seja mais respeitado". E para isto, tem um elenco de projetos simples mas importantes como o que pretende fazer com que os estacionamentos deixem de serem minas de ouro para privilegiados e tenham um alcance maior em favor da população motorizada que necessita vir ao centro da cidade.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
15/07/1989

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