Jamil, o poema do osso
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 15 de janeiro de 1987
Jamil Snege, 43 anos, publicitário, escritor é, antes de tudo, daquelas (raras) pessoas aos quais a amizade é algo sagrado. Daqueles amigos que como diz o poeta Fernando Brandt, "é para se guardar debaixo de sete chaves, do lado esquerdo do coração". Uma recente prova disto foi dada por Jamil ao escritor Wilson Bueno, 37 anos, quando do lançamento do "Bolero's Bar", o aguardado primeiro livro de crônicas cuja edição praticamente já está esgotada.
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Amigo e estimulador de Wilson Bueno, desde os seus verdes anos, quando, jovem e tímido, recém-chegado a Curitiba, ensaiava os primeiros passos na literatura, Jamil ofereceu ao autor de "Bolero's Bar", um poema-homenagem, que numa tiragem especial, ficou como mensagem de fim de ano para Wilson distribuir entre seus amigos. Jamil, texto dos mais brilhantes - e responsável pelas melhores campanhas de publicidade criadas no Paraná nestes últimos anos - mostrou em "Osso para Wilson", toda sua ternura de amigo, dizendo em palavras simples a mensagem para o escritor que afinal publica o primeiro (dos muitos) livro(s) que, todos esperam venha a lançar.
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Eis o "Osso para Wilson", de Jamil para Wilson:
Penso em Wilson Bueno
Como um osso ao relento
Nu e nítido como um
osso a esmo.
Osso que se bastasse de
sua óssea alvura
Nu e núbil de sua própria
lua.
Osso que se recusasse
à sina que o paparica
Osso que se adornasse
de sua própria adrenalina.
Osso à deriva, a dedilhar
seus venenos como uma
visita.
Osso Wilson Bueno.
Ouço sua cítara.
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