Luisinho e sua arte para os pianistas paranaenses
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 05 de setembro de 1990
Apesar do frio de segunda-feira, quem esteve no auditório da Reitoria assistiu um belo espetáculo: "Kamaiurá". Apresentando uma cantora de extremo vigor, belíssima voz e grande criatividade, a gaúcha Maria Rita Stumpf, esta produção inaugurou também as atividades da mais nova agência artística da cidade - é a Solany, de Gersinho Bientinez e Soliany Rodrigues, teve um sentido afetivo muito grande aos que amam o Brasil, Luisinho Eça, 53 anos, que nos últimos meses esteve gravemente doente.
Convidado pelo pianista Miguel Proença, diretor do II Festival de Música de Cascavel, Luisinho ali esteve por três dias, período em que orientou mais de 12 aulas com jovens interessadíssimos em conhecer o seu novo método de ensino de piano. Só devido ao compromisso de fazer o recital-show de segunda-feira, em Curitiba - e mais dois marcados para Porto Alegre - o impediram que estendesse até amanhã a sua permanência em Cascavel. Sua simpatia, competência e importância dentro de nossa música o fez merecedor da máxima atenção. "O pessoal foi tão amável que até um abaixo assinado, pedindo minha permanência chegaram a redigir" comentava Luisinho, segunda-feira, jantando no Baviera.
O cansaço de uma viagem de ônibus na noite de domingo, não o impediu que na segunda-feira, na Faculdade de Educação Musical, o autor de tantas obras-primas da Bossa Nova estivesse com toda sua ternura e dedicação passando a jovens interessadíssimos um pouco do muito que sabe. Aulas só interrompidas no final da tarde quando sua maior amiga em Curitiba, Maria Ignez Piá de Andrade, foi buscá-lo para juntos fazerem uma visita emotiva a mãe do pianista Cláudio Stresser, talento curitibano, tragicamente falecido há alguns anos - e que no início dos anos 50, foi colega de conservatório de Luisinho em Viena.
Junto com Luisinho, vieram também três outros excelentes músicos: o baixista Ricardo de Canto, o violonista e pianista Nelson Ângelo e o percussionista Laudir de Oliveira.
Este último, carioca, 50 anos, passou 19 de seus 32 anos de vida profissional no Exterior, inicialmente na Europa, com os grupos de Mercedes Batista e "Brasiliana" e, mais tarde nos Estados Unidos, onde trabalhou com dezenas de grandes instrumentistas e fez parte do grupo Brasil 66, de Sérgio Mendes e, por 8 anos, do "Chicago" - tomando parte em 10 dos 18 elepês gravados por este famoso grupo da melhor fase do rock.
LEGENDA FOTO - Maria Rita: um belo recital no auditório da Reitoria.
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