...na UFP continua o Clube do Bolinha
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 23 de abril de 1986
O machismo parece que venceu na hora final em que o novo reitor da Universidade Federal do Paraná, geólogo Riad Salamuni, teve que repartir o bolo do poder da arteriosclerosada e septuagenária instituição. Assim é que a professora Cecília Maria Vieira Helm, cotada desde o início para ocupar uma das vice-reitorias acabou sendo preterida em favor de uma indicação masculina - recebendo como prêmio de consolação o convite para uma assessoria.
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Embora acostumado a lidar com pedras e rochas, Riad Salamuni já começou a sentir que o caminho capaz de conduzir a uma boa administração da arteriosclerosada UFPR exige muito mais do que apenas conhecimentos de laboratório. Afinal, a falta de uma melhor pavimentação nos tortuosos caminhos do ensino superior do Paraná criou vícios de décadas na mais antiga Universidade brasileira - mas que se tem muita idade, tem pouco prestígio em termos de ensino, haja vista as classificações que tem obtido no ranking da revista "Playboy". Raros cursos da Universidade Federal do Paraná se destacam - perdendo para universidades menores, mais jovens - mas nas quais tem havido maior dinamismo e organização.
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Cecília Maria Vieira Helm, antropóloga, professora e mulher identificada politicamente com forças oposicionistas desde os tempos em que seu pai, o sempre lembrado jurista José Rodrigues Vieira Neto, era perseguido devido sua ideologia marxista, foi uma das intelectuais que mais colaborou na campanha do governo José Richa. Dirigiu a Coordenadoria do Patrimônio Histórico da Secretaria da Cultura e Esportes até o momento em que sentiu que a estupidez, politicagem e ignorância daquela pasta punham em risco o nome de profissionais sérios e corretos. Assim, corajosamente, denunciou o escândalo da Cartilha Gralha Azul, infeliz tentativa de produzir uma publicação oficial (que teria financiamento do Banestado), com textos e desenhos racistas, especialmente denegrindo o índio e o negro. A professor Cecília denunciou o escândalo e, embora isto lhe custando o cargo, abortou a publicação que desmoralizaria o Paraná em plano internacional. Convidada pelo seu amigo Otto Bracarense Costa, da Secretaria de Planejamento, passou a ocupar função diretiva do Ipardes - Fundação Edson Vieira.
Atualmente, Cecília Maria é uma das coordenadoras do projeto cultural para o programa do candidato Álvaro Dias.
Espera-se que, desta vez, sua competência seja respeitada - e para tanto no futuro a Secretaria da Cultura venha ter alguém que realmente tenha condições de ocupá-la com eficiência e talento - sem ódios e politicagem, como vem acontecendo há 3 anos neste infeliz governo José Richa (sic).
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