O elefante branco e a sua maldição
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 06 de março de 1988
O veterano jornalista Roberto Novaes, 60 anos, hoje aposentado das redações, costuma contar, em descontraídos papos, histórias de fantasmas que costumavam assustar os gráficos e mesmo redatores do antigo "Diário do Paraná", quando o órgão associado transferiu-se para suas instalações nas Mercês. Ruídos estranhos, visões alucinantes e outras imagens dignas de filmes como "A Noite do Pesadelo" teriam povoado a imaginação (e realidade) de quem se atreveu a construir um imenso edifício num terreno sagrado - que foi, no passado, cemitério. É a maldição de "Poltergeist", como no filme de Steven Spielberg - e que das telas já provocou misteriosas mortes de duas das atrizes daquele filme de horror.
Folclore fantástico a parte, o fato é que o imenso edifício que o arquiteto Lubomir Ficinski projetou para sediar a antiga TV Paraná e o "Diário do Paraná", coincidiu com o débâcle das organizações Associadas. Se na época em que funcionavam na Rua José Loureiro, o jornal e a televisão fundados por Assis Chateaubriand (1892-1968) significavam prosperidade e poder - que o digam seus antigos executivos, que marcaram uma fase da imprensa paranaense, depois que subiram para o Alto das Mercês a situação inverteu-se.
Pertencente hoje à Caixa Econômica Federal - que assumiu o imóvel como pagamento das dívidas dos Associados -, o elefante branco que, há anos, procura uma utilização racional, poderia sediar a futura TV Educativa e a Rádio Estadual do Paraná. Um projeto que foi anunciado há alguns meses mas que já encontrou opositores.
Afora, os que acreditam na maldição do loca, há os que, com bom senso, lembram uma razão prática: para dar condições efetivas de funcionamento de estações de televisão e rádio, em seus amplos espaços, serão necessários nada menos de Cz$ 120 milhões.
O que, convenhamos, é dinheiro para fantasma nenhum botar defeito.
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