Login do usuário

Aramis

Um rosto na multidão

Estrelado por Giancarlo Giannini, o astro mais badalado do cinema italiano, ator dos filmes de Lina Wertmuller, dirigido por um respeitável mestre do neo-realismo, Alberto Lattuada, nem por isto "Eu, O Culpado" obteve melhor chance de lançamento em Curitiba: após quatro modestos dias de exibição, tem hoje suas 3 últimas projeções no cine Glória (aproximadamente às 14, 17:30 e 20 horas), em programa duplo com mais um supérfluo exemplo da linha industrial Kung-Fu, "Made in Formosa". Entretanto, como "O Julgamento de Billy Jack" ou "Do Oeste para a Fama" - outros interessantes filmes, espremidos em programas duplos no cine Scala, "Sono Stato Io" mereceria um melhor tratamento. Pois, Lattuada, partindo de um roteiro desenvolvido em colaboração com Ruggero Maccari, pinça um humilde Operário milanês, Biaggio Solise (Giancarlo Giannini), lavador de vidros nos arranha-céus, em seu desejo de conseguir fama e fortuna. Não encontrando outra maneira para realizar seus projetos, decide-se pelo crime - assumindo um assassinato da prima-dona, que não cometeu, ocorrido no Scala de Milão, onde ele trabalhava, à noite, como extra. Cuida de "plantar" provas de ter sido o autor do crime, confiante no álibi seguro e perfeito: no mesmo instante do crime, ele se encontrava com velho amigo, marechal dos carabineiros, "Quatro guerras e dezenas de condecorações". O final é inesperado e apresenta pontos e contatos com "O Drama de Uma Consciência" (Beyond a Reasonable Doubt, 1956, de Fritz Lang - 1890-1976): a morte da testemunha o faz pagar pelo crime que não cometera mas que desejaria assumir. O tema é rico e permite a Lattuada, com sensibilidade, acrescentar uma série de dados sobre a solidão dos anônimos na grande cidade, o desejo de ascensão social, a incompetência policial e mesmo as falhas da justiça. A fotografia de Aflio Contini aproveitou, com sobriedade a cidade de Milão, como cenário de muitas seqüências e a interpretação de Giannini lhe valeu o troféu de melhor ator no Festival Cinematográfico de San Sebastian, na Espanha, há dois anos. Mais um filme importante, sério e que passa praticamente desapercebido, devido ao seu lançamento obscuro e inesperado.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
4
16/04/1977

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br