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Aramis

Verde romantismo inglês

Lamentável que o público romântico, capaz de manter filmes como "Love Story" ( a propósito, em reprise a partir de hoje no cine Lido) meses em cartaz, não tivesse descoberto "Ligações Proibidas" (exibido no cine Condor até ontem). Pois, há muito tempo, que não aparecia um filme romântico tão digno como esta segunda versão do roteiro que Noel Coward (1899-1973) escreveu em 1944, para seu amigo David Lean (1908) levar ao cinema - e que seria transformado numa de suas melhores peças ("Still Life"). Um filme absolutamente limpo, higienização, saudável! Um filme em que o verde não é apenas presença nos cenários dos arredores e parques de Winchester, a milenar cidade inglesa famosa por sua catedral, mas também se integra no próprio envolvimento dos personagens desta história de amor. Uma história de amor sem sexo, sem tragédia e sem final feliz. Apenas uma crônica na vida de duas pessoas de meia idade - ele, Alce Harvey (Richard Burton), 40 anos, médico, que uma vez por semana vai a Winchester, pesquisar doenças causadas pela poluição, atendendo internos do hospital local. Ela, Anna Jesson ( Sophia Loren), 37 anos, esposa de um tranqüilo advogado, Graham Jesson (jack Hedler), 2 filhos, que gasta suas quartas-feiras colaborando no serviço social. Um encontro Ocasional na estação - em que cada um seguiria para caminhos diferentes, um início de relacionamento e uma paixão que cresce mas que termina na separação. Tranqüila, suave, como o próprio ritmo que o diretor Alan Bridges conseguiu dar neste filme seguro e enxuto. A primeira versão de "Brief Encounter"- que no Brasil se chamou "Desencanto", estrelada por Trevor Howard, o Celia Johnson e Stanley Holloway, é considerada um clássico do cinema inglês. Voltando ao mesmo tema, o diretor Alan Bridges, mesmo com uma visão mais contemporânea - e seria ridículo a mesma abordagem que Lean fez em 1944 - realizou um filme que alcança uma grande dimensão de dignidade e bom gosto. É um filme romântico, sem dúvida, mas de um romantismo adulto. O roteiro (de John Bowen) bem trabalhando, capaz de situar sociologicamente cada personagem em poucos diálogos-imagens, auxilia muito, sem dúvida, a simpatia que cerca esta refilmagem de "Bried Encounter". Um filme que, se descoberto pelo público específico, mereceria muito mais do que uma discreta semana de exibição. *** Em compensação, hoje, o Condor lança um dos mais aguardados filmes nacionais: "Lição de Amor" de Eduardo Escorel, 5 Corujas de Ouro em 1976 (filme, diretor, atriz - Lilian Lemmertz, trilha sonora - Francis Hime e figurinos - Anísio Medeiros), mais prêmios "Kikito" de melhor direção, atriz e trilha sonora do IV Festival de Gramado, em 1976. Adaptado do romance "Amar Verbo Intransitivo' de Mário de Andrade (1893-1945), publicado em 1927, "Lição de Amor", está ao lado de "Marília e Marina" de Fernando Goulart (cine Bristol, 2ª semana), entre as produções nacionais que merecem prestigiamento. A verificar também o episódio que o sensível Francisco Ramalho Júnior dirigiu em "Sabendo Usar Não Vai Faltar" (cine Rivoli, até amanhã em exibição).
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
1
07/05/1977

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