Aonde estão as gravuras que foram doadas ao MNG
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de março de 1988
Há 11 anos, por decisão de um simpósio de gravadores realizado paralelamente à I Mostra de Gravuras, foi criado o Museu Nacional de Gravura, mais tarde oficializado pelo então prefeito Jaime Lerner para funcionar no Solar do Barão, junto à Casa da Gravura.
Em função da criação deste museu, inúmeros gravadores, entre os quais alguns dos mais famosos do Brasil (entre outros, Poty, Sclian, Toledo Pizza, De Lamonica, Danúbio Gonçalves, Edith Behring) doaram espontaneamente seus trabalhos para criar o acervo do primeiro museu específico da Gravura que se implantava no Brasil. Colecionadores, entre os quais o Sr. Ennio Marques Ferreira (homem que há 40 anos atua na área artística, hoje dirigindo o Museu de Arte do Paraná) também doou valiosas obras de sua coleção para o acervo. Ennio, doou as gravuras de Gilda Belczak (artista plástica, falecida ainda jovem) e um trabalho de Cândido Portinari.
Todos os prêmios-aquisição das Mostras de Gravura foram transformados em doação ao MNG, assim como inúmeras entidades - incluindo a Bienal Internacional de Cabo Frio - também colaboraram com o MNG.
Estas doações, que por cuidado da ex-diretora da Casa da Gravura, Lais Peretti, eram guardadas em sala climatizada do Solar do Barão, estão se desfazendo. No organograma da FCC não existe mais nem a Casa da Gravura, nem o Museu Nacional da Gravura. Inúmeras peças deste acervo foram distribuídas entre várias repartições da Prefeitura Municipal de Curitiba, num flagrante desrespeito aos doadores. Estas gravuras podem ser encontradas nas salas de burocratas do Instituto de Administração Municipal, na Secretaria de Comunicação Social, na Secretaria do Desenvolvimento Social, etc.
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Enquanto o Estado procura reunir o acervo das artes plásticas em seus museus, o município faz o inverso. Seria ótimo que todas as salas da administração fossem decoradas com obras de arte mas é lamentável que isto aconteça com peças que deveriam serem mantidas ordenadamente num Museu - o ao menos nas entidades ligadas à cultura.
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