Bandas e sambas em lps sem compromissos
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 09 de janeiro de 1975
Desde que a Big Banda do canecão - maior choparia do Brasil, na Guanabara - provocou a existência de um público interessado em potpourri de músicas de sucesso, em arranjos para metais e percussão, as gravadoras passaram a dar importância a produção de lps deste gênero com a banda não sendo mais identificada apenas como executante de musica marcial. Ao lado da banda do Canecão, com regulares lançamentos pela Phonogram, e a Veneno, do falecido Erlon Chaves, outras formações vão sendo testadas. Como esta "A Banda da Grande Família" (CID 4011, outubro/74), formada por 11 músicos - flautim, clarinete, sax-alto, piston, trombone, tuba, caixa, bumbo, pratos, triângulo e trombone, executando nada menos que 25 sucessos, incluindo desde hits internacionais (Song For Anna, de André Pop; Always in my heart, de Lecuona) até sambas mais descompromissados, como o divertido "Assassinato de Camarão" (Zere-Ibrain).
Também na linha de reunir dezenas de sucessos momentâneos, prossegue a série "Samba é uma Parada", que segundo a Phonogram, através de seus produtores Gutti e Hyldon Souza, reflete uma pesquisa do Ibope. No volume 7 desta série com um anônimo grupo chamado. Os Caretas (Polyfar, série Médium, 2494536) repete-se o esquema dos discos anteriores: músicas fáceis que conseguiram aparecer nos últimos meses, como "Maria, Mariazinha", "Jorge Maravilha", "Toró de Lágrimas" e outras, ao lado de ressurgimento dignos - como "Felicidade" do bom Lupiscinio Rodrigues (1910-1974) em arranjos comerciais, para agrado do público menos exigente, mas que garante o rápido consumo do lp.
Um pouco mais econômico, o produtor Antônio de Vicenzo preferiu selecionar para o volume 3 da série "Agora é Samba" (Coronado/Odeon, SC 10027) apenas 12 sambas que fizeram sucesso no último trimestre. Assim, também na execução de um anônimo grupo - e é compreensível a não identificação, pois são por certo, profissionais ligados contratualmente a outras gravadoras - aqui estão dois sambas que Clara Nunes lançou com êxito - "Meu Sapato já Furou" (Elton Medeiros/ Mauro Duarte) e "Conto de Areia" (Romildo S. Bastos/Toninho), e os mais recentes êxitos de sambistas como João Nogueira - Zé Catimba ("Do Jeito que O Rei Mandou"), Benito Di Paula ("Fui Sambando Fui Chegando"), Martinho da Vila ("Canta, Canta, Minha Gente"), Adeilton Alves/ Nilton P. de Castro ("Saudades e Flores"), Luiz Ayrão ("No Silêncio da Madrugada") além de gente do morro, só agora tendo sua vez e hora, como Zeré-Ibraim, com "O Assassinato do Camarão", Tatu, Nezinho e Campos ("A Festa do Divino"), Yvonne Lara, Helio e Fuleiro ("Tiê") Beto Scalla - São Beto também também compareceram com "Depois do Carnaval", enquanto os ex-Sêcos e Molhados, João Ricardo, em parceria com seu pai, o lusitano crítico de teatro João Apolinário, ataca de sambista com "Flores Astrais". Razoavelmente produzido, com orquestrações regências do maestro José Briamonte, este volume de "Agora é Samba" tem uma capa imperdoável: uma foto de uma bela mulher, de biquíni, dirigindo-se para a praia, cercado de uma foto noturna do Carnaval-73, na GB e de um jogador de tênis - numa foto desfocada. Realmente, a falta de imaginação não poderia ser maior. É inconcebível que uma gravadora do nível da Odeon, mesmo por razões de economia, produza um lp de samba com uma capa tão inexpressiva. Seria muito melhor colocar uma única foto de um crioulo. Refletiria muito mais o espírito do lp.
LEGENDA FOTO 1 - Agora Samba.
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- A Festa do Divino
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- João Ricardo
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- Luiz Ayrão
- Lupiscínio Rodrigues
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- O Assassinato do Camarão
- Os Caretas
- São Beto
- Toró de Lágrimas
- Zé Catimba
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