Estórias Lacerdistas
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 27 de julho de 1976
Homem extremamente bem humorado, autor de muitas estórias célebres, o ator-diretor-produtor Aurimar Rocha estava feliz da vida no domingo: o sucesso de público que obteve com "O Genro Que Era Nora" fez com que prorrogasse por mais uma semana sua temporada no auditório Salvador de Ferrante e, assim, poderá também apresentar-se em Londrina e Maringá, cidades que haviam, originalmente, ficado fora de seu roteiro nesta temporada.
Aurimar considera-se um autor-empresário de boa estrela: até hoje, só uma de suas peças fracassou, "Chico do Pasmado", [montado] em 1965, em pleno governo Carlos Lacerda, criticando a política de remoção dos favelados. Apesar das excelentes músicas de [Billy] Blanco (que permanecem inéditas) e do bom elenco, o espetáculo não agradou. Falando em Lacerda, Aurimar lembrou-se de um episódio relacionado com sua amiga Maria Fernanda. Quando a atriz de "Um Bonde Chamado Desejo" chegou em Curitiba, em fevereiro de 1963, com esta peça de Teeneessee Willians, soube que se preparava na cidade um movimento de protesto a uma visita de Lacerda e que se organizava inclusive uma revoada de corvos na sua chegada. Maria Fernanda foi ao correio e enviou um telegrama à Lacerda: "Venha: Serei a sua pomba branca na revoada negra dos urubus em sua chegada".
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Naquela mesma ocasião Maria Fernanda disse uma frase - "Carlos Lacerda é uma Blanche DuBois de calças compridas", referindo-se ao comportamento imprevisível do então líder udenista. Publicada num jornal paulista, a frase motivou uma manchete sensacionalista que fez Maria Fernanda desmaiar de ódio: "Maria Fernanda diz que Lacerda é louco".
Quando Maria Fernanda veio à cidade em 1963, com "Um Bonde Chamado Desejo" o segundo nome de seu elenco era da atriz Isolda Kresta. Agora, em "O Genro Que Era Nora", quem está no elenco é a bela filha de Isolda - Angela Vitória.
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