Lerner resolve as crises acabando com secretarias
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 18 de agosto de 1989
Com diplomacia e diálogo, o prefeito Jaime Lerner abortou uma crise administrativa que poderia ter lhe criado sérios problemas. Tudo começou com a escolha de um amigo, Gerson Raskin, para a Secretaria Municipal de Material - uma das muitas (e inúteis) pastas que o ex-prefeito Roberto Requião havia criado. Embora honesto e dedicado, Raskin teve alguns atritos e perdeu-se no emaranhado burocrático municipal. Como Lerner está disposto a não perder a oportunidade para enxugar a máquina administrativa, aproveitou as reclamações que vinham crescendo em seu gabinete e de uma penada só fez várias modificações.
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De Secretaria Municipal, o setor de Material passou para modesto departamento da Secretaria da Administração - esta, sim, funcionando de forma competente graças a experiência de Edson Fischer, velho amigo de Lerner e que já havia ocupado cargos de direção nas duas administrações anteriores. Para dirigir a parte do material foi convidado o economista Orcy Sthum, que já passou pelo antigo Departamento da Fazenda e COHAB-CT em administrações anteriores, sempre com eficiência e, especialmente, muita diplomacia.
Gerson Raskin não teve prejuízos financeiros: passou a ser mais um dos assessores especiais do Prefeito, símbolo S-1.
Em compensação, outros burocratas que ocupavam gordas funções de confiança perderam seus cargos com a extinção da Secretaria: Romildo Bertollo Zech, que era diretor do Departamento de Manutenção; José Carlos de Almeida Camargo, que era o diretor do Departamento de Transporte Interno (sic, sic) e Boris Musialowski, que era o diretor do Departamento de Suprimentos. Boris, é bom lembrar, foi um destacado profissional do rádio do Paraná nos anos 50, atuando em diversas funções - inclusive como radiator.
O secretário adjunto não perdeu financeiramente com as modificações: Newton Pythagora Gusso também veio engordar a assessoria do Prefeito só que com gratificação um pouco menor - símbolo C-2.
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Outra secretaria que Jaime decidiu extinguir também tem seu pessoal reaproveitado: o decreto nº 352, em 26 de julho, publicado somente no Diário Oficial do Município de 1º de agosto, designou o ex-secretário de Turismo, Amadeu Luiz de Mio Geara para o cargo de assessor, símbolo S-1.
Luiz Hidalgo Cavalcanti, que era o secretário - adjunto de Geara, foi exonerado e, até o momento, não ganhou nenhuma outra função gratificada. Outro que foi exonerado - este da assessoria de Jaime - foi Mário Celso Petraglia, que tinha a gratificação de S-1.
Afinal, para acertar a situação de tanta gente algumas cabeças tem que rolar.
Empresários do setor de turismo ainda não deglutiram a extinção da Secretaria de Turismo, que, bem ou mal, deveria cumprir algumas funções importantes. É a preocupação maior quando se sabe que todo este importante setor econômico, com muitas implicações na cidade, será reduzido a uma simples divisão da Secretaria da Cultura. Pasta na qual todas as funções de chefia foram ocupadas por mulheres - numa prova de prestigiamento do prefeito Lerner ao chamado (apenas chamado) sexo frágil. Até agora, ainda não foi decidido qual será a escolhida para comandar o turismo em Curitiba.
LEGENDA FOTO - Geara: agora na assessoria de Jaime.
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