A mostra do livro alemão
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 07 de junho de 1987
É uma pena que o evento "Ler Faz a Cabeça" concentre em tão poucos dias uma soma tão grande de eventos, tornando difícil - quase impossível - acompanhar os seus diferentes segmentos. Também a cobertura à altura desta promoção que significou o investimento de 200 mil dólares do governo da República Federal da Alemanha, torna-se difícil, haja vista a escassez de espaço para a área cultural junto aos veículos de divulgação. Quando da exposição no Rio de Janeiro (a partir de 25 de março) e São Paulo (17 de abril a 1º de maio), houve edições especiais do "Folhetim" ("Folha de São Paulo"), grandes matérias nos jornais cariocas e uma série de debates para destacar esta promoção, que trouxe inclusive ao Brasil, pela terceira vez, um dos principais executivos da Feira do Livro de Frankfurt Peter Weidhass, 49 anos.
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A exposição inclui 3 mil e 200 títulos, entre eles algumas dezenas de traduções brasileiras. As editoras brasileiras estão investindo cada vez mais na publicação de obras de novos autores alemães e, em contrapartida, também escritores brasileiros têm suas obras editadas na República Federal da Alemanha. Dezenas de escritores têm participado de programas culturais naquele país. Peter Weidhaas, que se considera um bom leitor "desde criança", e que considera o livro, "além de um bem cultural econômico, um instrumento democrático", costuma alertar em suas entrevistas:
- "Não foi só a Alemanha Nazista que queimou livros. O Chile acaba de fazer o mesmo."
Peter é um homem empenhadíssimo em que haja uma ponte literária cada vez maior entre o Brasil e a Alemanha. Numa de suas entrevistas, disse que há oito anos fundou a Sociedade para a Promoção do Desenvolvimento das Literaturas Africana, Latino-Americana e Asiática.
- "Um nome bem alemão, reconheço. Nossa atividade é basicamente ler autores novos, promovê-los junto a editoras, criar programas de tradução. Desde 1949 procuramos este tipo de contato com outros países. Ainda nos sentimos um país-livro, mesmo que isso soe um pouco antigo. Mas temos boas razões para isso. Gutenberg, afinal, foi alemão, e o livro sempre teve um papel muito importante na Alemanha. Muitos escritores europeus se tornaram mundialmente conhecidos através das traduções para o alemão."
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