Os discos de Marcus
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 19 de junho de 1974
Lançado ontem pela Rádio Iguaçu, o primeiro catálogo dos Discos Marcus Pereira representa o grande acontecimento fonográfico-musical do ano. Publicitário respeitadíssimo, dono de uma das mais criativas agências brasileiras, o paulista Marcus Pereira, 44 anos, começou a produzir discos a partir de 1967 exclusivamente para oferecer como brinde aos seus clientes. Mas com excelente nível desde a primeira gravação - Paulo Vanzolini, que com a faixa "Capoeira do Arnaldo" ajudou a consagrar O Jogral, casa noturna que Luís Carlos Paraná fundou e que hoje ele mantém com a melhor programação artística na noite paulista - os seus discos se tornaram famosos. Produzida em 1972, a coleção "Música Popular do Nordeste" (4 LPs, reunindo uma fantástica pesquisa do Quinteto Violado), valeu a Marcus o troféu Estácio de Sá do MIS-GB e tantos elogios que ele não teve outra solução: depois da edição especial não comercial, fez uma tiragem para lançamento nas lojas que em pouco tempo vendeu 40 mil álbuns, ou seja, 160 mil LPs, comprovando que "qualidade também vende", slogan que adotou agora, ao decidir entrar regularmente no mercado fonográfico, com uma produção exclusivamente cultural. E assim, enquanto uma equipe já faz uma completa pesquisa sobre a música do Sul, Marcus Pereira lança a coleção Música Popular do Centro-Oeste/Sudeste, em 4 LPs, com direção musical e arranjos de Theo de Barros, onde repete a seriedade do trabalho feito no Nordeste, justificando os entusiásticos aplausos que a imprensa vem lhe dedicando há uma semana. Fruto de uma criteriosa pesquisa regional, a produção de MP reúne modas de viola, toadas, fandangos, danças (Santa Cruz/São Gonçalo), folias, calango, ciranda, coreto, congadas, jongo, moçambique, cantos religiosos, sambas, modinhas, modas e canções, cururu e catira, que são interpretadas desde grupos anônimos do Interior - em gravações diretas, até nomes consagrados como Nara Leão, Clementina de Jesus e Carmen Costa. Mas se não bastasse este magnífico trabalho - que merecerá análise mais demoradas em outros textos - Marcus Pereira edita também o primeiro LP de um dos mais importantes compositores brasileiros: o bom Cartola (Angenor de Oliveira, 66 anos), pai musical de Paulinho da Viola, descobriu os Fados Brasileiros (de Vinícius, Chico, Caetano, Caymmi, Cecília Meirelles, etc.) interpretadas por uma jovem fadista, Paula Ribas (que estréia dia 20 no Mouraria) e ainda dá chances a gente nova, em quatro outros discos. Não é por nada, não; mas produtores como Marcus Pereira não aparecem todos os dias. Nem todos os anos!
LEGENDA FOTO 1 - Marcus
LEGENDA FOTO 2 - Cartola
LEGENDA FOTO 3 - Nara
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