Salada latino-americana com o sabor de Missinho
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de novembro de 1986
Os baianos assumiram de fato o fricote. As 150 mil cópias que Luís Caldas conseguiu vender animaram as gravadoras a investirem neste novo modismo musical, que mistura ritmos do caribe - o merengue e a salsa - ao calor afro da boa terra. A Odeon já lançou um mini-elepê de uma bela cantora. Sarajane, 22 anos, ex-integrante do trio Tapajós, que só em Salvador vendeu 30 mil cópias com o compacto em que registrou "Merengue Deboche" e "Nuooai".
Agora é a CBS quem traz Missinho, aquariano, 26 anos, que misturando ritmos centro-americanos como a salsa, o merengue, a rumba, conseguiu uma alquimia sonora na mistura caribenha e afro-baiana durante os seis anos em que foi líder, compositor, arranjador, cantor e guitarrista da banda "Chiclete Com Banana". Músicas como "Bahia Cubana" (lp "Energia", 84) e "Luar de Havana" (lp "Sementes", 85) ficaram conhecidas nas ruas de Salvador e agora, com o "Merengue Deboche", Missinho aumentou sua popularidade.
Gravado nos estúdios W. R., de Salvador, "Neon Dos Guetos" (CBS, outubro/86), traz Missinho com a banda O Ouro da Babilônia, que abre com um "Merengue Tropical" (Luiz Kallaf), no qual se destaca a participação de Alfredo Moura nos teclados. A faixa-título do lp traz palavras de sonoridades novas como "Zion" (Terra Prometida) e "Jah" (Deus Rastafari) homenagem à cultura afro de Zumbi.
Todo o disco tem um clima de calor e alegria, em composições do próprio Missinho - "Favelas", "Gata Cubana", "Eu Quero é Mais", "Abracadabra", "Melô do Reggae-Night", "Guajira de Amor" e "Felina". Uma regravação com um toque de nostalgia: "Eu Quero é Botar Meu Bloco Na Rua", que foi sucesso de Sérgio Sampaio há alguns anos.
LEGENDA FOTO - Missinho: fricote com merengue.
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