Artigos por data (1975 - Janeiro)
Música
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 07 de janeiro de 1975
O aval musical de Edu Lobo e Dori Caymmi conta bastante. Conta tanto que Harry Zuckermann, diretor da Companhia Industrial de Discos, decidiu investir num caprichado lp para lançar uma nova dupla de compositores-interpretes - Jaime & Nair (CID, 8004, Novembro/74), que apareceram há dois meses, num bonito disco, simultaneamente editado em fita cassete. Tratando-se de uma nova dupla - até então totalmente desconhecida não deixa de ser uma grande chance.
Memórias de Juarez (II)
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 07 de janeiro de 1975
No segundo volume de suas memórias ("Uma Vida e Muitas Lutas"/ "A Caminhada no Altiplano", Livraria José Olympio Editora, Coleção Documentos Brasileiros, 1974, 311 páginas), o marechal Juarez Távora, 75 anos, recorda outra estória interessante ocorrida em 1939, quando, no Paraná, chefiava o 1o Batalhão Rodoviário e a Comissão de Estradas de Rodagem PR/SC. Pouco antes da entrega ao tráfego do trecho Rincão-Rio Bonito, na estrada Curitiba-Joinville (29 de fevereiro de 1940), ocorreu "um fato de alguma forma divertido, mas que me causou, no momento, um grande susto".
A boa arte dos calendários
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de janeiro de 1975
Houve época em que o fim de ano era a ocasião dos calendários e dos almanaques. Desde pequenos armazéns de secos & molhados aqueles de balcões de madeira e que vendiam de tudo, que já não existem mais (um dos últimos remanescentes era o Armazém Amadeu, na Rua Dr.Murici) - até as grandes industrias obsequiavam os seus clientes e amigos, com calendário de diferentes tamanhos e formatos, enquanto as farmácias distribuíam almanaques repletos de informações para toda a família.
Duas estreias: Fernando Mendes e Franko Xavier
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de janeiro de 1975
É perfeitamente legitima a preocupação das gravadoras em procurarem criar novos ídolos da música popular. Afinal, lutando diariamente na disputa de um mercado cada vez mais competitivo, os grandes produtores fonográficos tem que reforçar seus elencos - e se a contratação de nomes já consagrados exige investimentos altos (há 3 anos, a RCA Victor adiantou Cr$ 200 mil para que Waldick Soriano deixasse a Continental e passasse para o seu elenco), também a consolidação de novos artistas é tarefa demorada e altamente onerosa.
As cobras de Zé do Caixão.
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de janeiro de 1975
São muitas as estórias que enriquecem o folclore do mefistofélico José Mojica Marins, ou seja o incrível Zé do Caixão. Homem de origens humildes, tendo apenas concluído o curso primário, autodidata e intuitivo em suas bolações de terror tupiniquim, tem enfrentado períodos de vacas magríssimas para realizar suas fitas, pois embora algumas tenham tido sucesso de público, os lucros foram sempre parar nas mãos dos produtores e distribuidores, pouco restando para si.
Abertura (Opus 1)
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 09 de janeiro de 1975
Após um intermezzo de 3 anos, a realização de um festival de música popular, em novos esquemas, propostos pela Rede Globo de Televisão, já demonstrou na 1a eliminatória de "Abertura" (Canal 4, terça-feira, 21 às 22,45 horas) que esta mostra, em suas quatro fases permitirá um imparcial balanço do
Os arquitetos & os seus críticos.
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 09 de janeiro de 1975
Enquanto alguns conhecidos arquitetos da cidade prometem contestações às afirmações do ministro Shigeaki Ueki, das Minas e Energia, que paraninfando os engenheiros industriais formados pela Universidade Mackenzie, em São Paulo, no dia 18 de dezembro último, fez uma violenta crítica a arquitetura brasileira, o semanário "Opinião" (n. 112, 27/12/74) analisa, apoiando as palavras do ministro, a questão.
Bandas e sambas em lps sem compromissos
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 09 de janeiro de 1975
Desde que a Big Banda do canecão - maior choparia do Brasil, na Guanabara - provocou a existência de um público interessado em potpourri de músicas de sucesso, em arranjos para metais e percussão, as gravadoras passaram a dar importância a produção de lps deste gênero com a banda não sendo mais identificada apenas como executante de musica marcial. Ao lado da banda do Canecão, com regulares lançamentos pela Phonogram, e a Veneno, do falecido Erlon Chaves, outras formações vão sendo testadas.
Os caminhos do historiador
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 10 de janeiro de 1975
O professor Júlio Estrella Moreira, 75 anos, tem passado algumas tardes no Departamento de Imprensa Oficial do Estado, fazendo uma tarefa que, apesar do cansaço de sua avançada idade e de problemas de visão, o está gratificando bastante: a revisão dos originais dos três volumes de sua há muito acalentada "História dos Caminhos das Comarcas de Curitiba e Paranaguá".
A Cidade & O Tempo
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 10 de janeiro de 1975
Embora comemorando hoje, com atraso de 4 dias, o seu 93o aniversário com um baile em que a atração maior será o grupo vocal. Os Demônios da Garoa, complementando pelos açucarados Violinos do Rio, o Clube Curitibano tem, dentro da historia da cidade, um passado de intensa participação na provinciana vida cultural do inicio do século.
A boa MPB na Continental
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 10 de janeiro de 1975
MI BUENOS AIRES QUERIDO/ GREGÖRIO BARRIOS.
O ESTRANHO MUNDO DE ZÉ DO CAI`XÃO (UM EXORCISTA À MODA TUPINIQUIM
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 10 de janeiro de 1975
Pioneiro em nosso cinema de um gênero de grande aceitação popular o terror - José Mojica Marins, 44 anos, um paulista filho do toureiro espanhol, é uma figura folclórica do cinema brasileiro. Seus filmes primitivos e mal acabados tem sido vistos com interesse por críticos como : Salvyan Cavalcanti de Payva e o espanhol Luís Gasca - e, em maio/74, no III Festival do Cinema Fantástico, em Paris, ganhou o troféu "Originalidade".
Canibalismo & katchupp numa sequencia de horror caipira
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 10 de janeiro de 1975
Nos últimos 15 minutos de projeção de "Exorcismo Negro", o espectador sensível não consegue fixar-se na tela: após um "casamento negro", em que Zé do Caixão une o filho de Satã à filha da feiticeira Malvina, ocorre uma bacanal de sangue & antropofagia digna do Gran-Guignol: dedos, mãos, braços e orelhas são amputados, uma língua é arrancada - e devorados por homens e mulheres nus que correm entre sangue (vários vidros de katchupp e mercurio-cromo gastos na filmagem), numa seqüência que leva ao vomito e mesmo ao desmaio.
Guerra: Thalia x Concórdia
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 11 de janeiro de 1975
No dia 21, terça-feira, haverá uma assembléia geral na Sociedade Tiro ao Alvo Curitiba, cuja repercussão ultrapassará em muito o interesse, aparentemente restrito, de uma entidade de apenas 140 sócios, de um bairro da cidade. É que naquela noite será discutido um fato novo em relação à pretendida fusão da STAC com o Clube Concórdia: a proposta feita pela Sociedade Thalia, à primeira vista muito mais vantajosa e que poderá colocar água fria na fervura do há muito acalentado projeto do presidente Hans Klaus Garbers, do Concórdia, em fundir-se ao Tiro ao Alvo.
A Cidade & O Tempo
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 11 de janeiro de 1975
Enquanto trabalha na elaboração de um livro com uma visão pessoal de "Curitiba de ontem e de hoje", a professora Nely Valente Almeida, licenciada em Geografia e História pela Universidade Federal do Paraná e interessada em pesquisas sobre nossa cidade, acaba de publicar um breve e útil "Esboço Histórico da Justiça de Curitiba". De especial interesse aos que se dedicam as causas da justiça, o trabalho de Nely Almeida dá uma divulgação mais ampla a um dos documentos mais antigos existentes em Curitiba, naquilo que fala de perto sobre sua história jurídica.
Psiquiatria /Psicologia
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 11 de janeiro de 1975
Aumenta cada vez mais a bibliografia cientifica ou semicientifica colocada à disposição do público interessado em certas matérias que até há pouco não podia ter acesso pela falta de livros em português. Um exemplo são os livros sobre Psicologia/Psiquiatria que as grandes editoras estão lançando regularmente.
Últimas edições.
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 12 de janeiro de 1975
Sem preconceitos, Rebubu de Mulheres" (cine Marabá, hoje, 20 e 22 horas, últimas apresentações) é no mínimo o exemplo de um gênero de espetáculo popular em seus estertores finais: o teatro-de-revista. Aos 55 anos, 39 de vida artística, o humorista Colé (Petrônio Rosa Santana) admite, após 3o minutos de conversa informal: "Realmente o teatro de revista está se acabando".
Secos & Molhados (sem som)
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 12 de janeiro de 1975
De uma idéia proposta nesta coluna, há vários meses, o pesquisador Raphael Valdomiro Grecca de Macedo, 18 anos, está iniciando um dos mais interessantes estudos sobre a cidade, que justifica seu proveito não apenas como documentação curiosa, mas, inclusive, para uma publicação de nível universitário, por seus aspectos econômicos-sociológicos: a influência dos armazéns de secos & molhados na estrutura urbana, sua economia e seu desaparecimento nas últimas duas décadas, face à concorrência dos supermercados e lojas de departamentos.
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Das (boas) estréias ao canto mais suave de Carole e Carly Simon
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 12 de janeiro de 1975
Domingo passado falamos dos lps de algumas vocalistas famosas - Mahalia Jackson (1911-1972), Liza Minelli, Diana Ross e Sarah Vaughan, que estão na praça, merecendo atenção dos fãs da boa música norte-americana. Vamos hoje, também sucintamente, ao registro de algumas outras cantoras mais jovens e que estão surgindo nestes últimos anos.
Discos
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 12 de janeiro de 1975
Desde que o conjunto Secos & Molhados (1973/74) provou que um grupo andrógino, em poucos meses, podia conquistar um imenso público e vender mais de 200 mil cópias de discos, as gravadoras passaram a ter a máxima boa vontade com os conjuntos de música jovem capazes de proporem algo de novo para o indeciso mundo musical brasileiro, E principalmente a Continental, que teve no extinto grupo S&M a sua galinha-dos-ovos-de-ouro (apesar do 2o lp do grupo não ter o sucesso esperado, mesmo com a promoção de Cr$ 1.000.000,00), está buscando outro conjunto capaz de repetir o sucesso dos S&M.