O som do Guaira
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 30 de outubro de 1974
Desde que fez o anteprojeto para o chamado grande auditório Bento Munhoz da Rocha Neto - o arquiteto Rubens Meister, 50 anos (então com 26 anos[)], se preocupou com a acústica. Consultou as maiores autoridades mundiais na época, fez pesquisas e hoje garante que a acústica no auditório a ser finalmente inaugurado no dia 19 de dezembro, será das melhores do mundo. A equipe do professor Loury Ramalho, do Departamento de Física da UFP, está fazendo um levantamento da qualidade acústica do auditório - com 2.250 lugares, 13 mil metros cúbicos de ar., 17 por 19 metros de abertura total da boca de cena, 40 metros de largura na parte de trás e 35 junto o palco. Ramalho tem alguma experiência no setor: primeira cerimônia conjunta de formatura da UFP e quando estagiava na França, participou da equipe do Centro de Pesquisas Físicas de Marselha, que desenvolveu o projeto de acústica do Palácio de Esportes de Nice.
Assim, é de se esperar que o auditório Bento Munhoz da Rocha [Netto] não tenha problemas de som. Tanto é que não foi prevista a instalação de qualquer aparelhagem eletrônica para reprodução do som, confiando os técnicos que não haverá necessidades de microfones, caixas acústicas, amplificadores e demais aparelhagens. Mas, até hoje, todos os auditórios de Curitiba sempre tiveram problemas de som na realização de solenidades e mesmo apresentações musicais. O auditório da Reitoria, inaugurado em 1958; o auditório Salvador de Ferrante (de 1954); o cine-teatro Vitória (de 1963); o auditório do Colégio Estadual (de 1952), nunca foram equipados com a mínima aparelhagem sonora, de forma que cada vez que é programada uma solenidade ou apresentação artística nestes locais, há um corre-corre em busca de microfones, caixas de som, etc. - improvisando-se soluções que, tecnicamente, deixam muito a desejar. Muitos espetáculos já fracassaram em grande parte devido à falta de boa aparelhagem e nos últimos anos, com espetáculos de música popular programados com regularidade, sentiu-se com maior intensidade a falta destes equipamentos. Ainda há poucas semanas, por ocasião da solenidade realizada no palco do cine-teatro Vitória, quando o presidente Ernesto Geisel lançou a Campanha da Produditivade, se recorreu a diversos sistemas incompletos de som e, finalmente, optou-se pelo equipamento de uma firma particular (Party Box) que, [tranqüilamente], vem dominando o mercado. Sem querer ser pessimista e embora acreditando nas sensatas opiniões dos técnicos, é de se esperar que um auditório como o do Teatro Guaira - há 24 anos em obras - não tenha, no futuro, que improvisar soluções de acústicas de emergência. Afinal, seria muito desagradável, poucas horas antes de uma solenidade ou um recital, os empresários terem de estar correndo pela cidade, emprestando microfones "Shure" e caixas "Kenwood" para garantir ao espetáculo uma boa qualidade sonora.
LEGENDA FOTO: Meister
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