Marku Ribas, afinal um reconhecimento nacional
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 17 de agosto de 1991
O Festival Carrefour de MPB, encerrado no último domingo, com a finalíssima em São Paulo, atingiu suas finalidades. Entre as quase 8 mil músicas inscritas surgiram não só as 86 classificadas para as cinco eliminatórias mas outras que, mesmo não aproveitadas, mostraram talentos de seus autores e, por certo, ainda aparecerão em outros festivais. Das dez finalistas - reunidas no elepê que já está à venda na rede Carrefour - podem serem extraídas, sem favor, duas ou três (independente das premiações) que ouvidos rigorosos incluirão entre as melhores do ano.
Dos vitoriosos no julgamento final, a primeira - "Brabuleta" dos paulistas Marcos Flexa e Paulo Azevedo (de São José dos Campos) e "Eládio" do mineiro Sérgio Moreira (de Belo Horizonte) significaram o aparecimento de novos compositores, até então desconhecidos fora de suas cidades. O segundo classificado, entretanto, foi um compositor-cantor dos mais vigorosos, cuja carreira acompanhamos há mais de 18 anos e que, a exemplo de tantos talentos autênticos, até hoje tem sido esquecido pela mídia: Marku (Marco Antônio) Ribas, mineiro de Pirapora, 44 anos completados no dia 19 de maio, 28 anos de vida artística, dez elepês gravados. Com muitos anos e permanência no Exterior - inclusive África - Marku tem uma voz poderosa, estilo personalíssimo, que lhe valeu o reconhecimento como melhor intérprete. Sua canção, calcada em raízes indígenas, também com um apelo ecológico, é uma parceria com um jovem jornalista, poeta e pesquisador, José Edward Lima, 26 anos, produtor do terceiro elepê de Zé Coco do Riachão (José dos Reis Barbosa dos Santos, Montes Claros, 79 anos), figura maior da cultura popular mineira - e a quem ele dedicou também um belo livro, que registraremos com mais vagar em próxima coluna. Marku Ribas, com uma obra extensa - embora a canção "Tamarera", tenha sido sua primeira parceria com José Edward merece ser ouvido com atenção e agora, com a justa promoção que a premiação Carrefour lhe dá, encontrar um espaço que há muito já deveria ter recebido junto as grandes gravadoras, rádio, televisão e jornais.
LEGENDA FOTO - Marku Ribas, segundo classificado com "Tamarera" e melhor intérprete do Festival Carrefour de MPB: aos 28 anos de carreira, afinal um justo reconhecimento ao seu imenso talento.
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