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Aramis

Observatório

Este ano começou com uma morte lamentável por todos que acompanhou as atividades artísticas no Paraná: o professor Thadeo Morozowicz, falecido na manhã de segunda-feira, 4, foi não só o pioneiro do ensino da dança no Paraná, como um homem que durante toda a sua longa vida – completaria 82 anos no próximo dia 24 de abril – se dedicou às atividades culturais. Desde 1926, quando chegou a Curitiba pela primeira vez, aqui iniciando um curso de danças – com sua experiência adquirida na Polônia e, posteriormente, em Moscou (onde inclusive conheceu o legendário Nijinski), Thadeo fortaleceu a dança com uma arte maior. Se até hoje o balé é visto ainda com preconceitos em certas áreas machistas, imagine-se o esforço que o imigrante Thadeo teve que fazer, na provinciana Curitiba dos anos 20/30, para mostrar a dança como uma arte digna e maior. O Ballet Morozowicz tornou-se sinônimo da boa dança e de espetáculos marcantes, por ele passando centenas de jovens e ali se formando a maioria das professoras e coreógrafas que, a partir dos anos 70 – no boom da dança – partiriam para suas próprias academias.   xxx   O professor Thadeo, junto com sua admirável esposa e companheira, dona Wanda Lachowski Morozowicz, teve a alegria de ver os seus três filhos nos caminhos da arte: Henrique, 48 anos, o primogênito, pianista, professor e compositor, com o nome artístico de “Henrique de Curitiba”, é autor de uma obra imensa, parte já editada inclusive no Exterior e que retornou recentemente dos Estados Unidos, onde fez mestrado. Nortom, 34 anos, primeiro flautista da Sinfônica Brasileira, solista dos mais respeitados, maestro da Orquestra de Blumenau – requisitado para cursos em várias cidades, como o de Brasília, que inicia na próxima semana. Milena, que começou a dançar ainda menina, é há mais de 10 anos a coreógrafa dos espetáculos do Ballet Morozowicz, onde [] manteve o espírito e idealismo de seu pai.   xxx   Uma família de artistas, identificados com a cidade. O professor Thadeo não deixou fortuna pessoal. Mas deixou a certeza de que o seu idealismo, a sua visão de arte do mundo, marcaram Curitiba – e tem nos três filhos, a seqüência para o futuro.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
6
07/01/1982

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