Artigos por data (1988)
"Kozák" volta de Salvador com mais duas premiações
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 16 de setembro de 1988
Salvador - Mais dois prêmios para o "O Mundo Perdido de Kozák". Agora foram dois Tatus, prêmios da XVII Jornada de Cinema da Bahia, encerrada na noite de quarta-feira, 14 - e que vieram se somar ao Kikito de melhor roteiro (XVI Festival do Cinema Brasileiro de Gramado, junho/88) e aos dois Sol de Prata (melhor filme curta, melhor direção) e troféu Macunaíma (melhor filme do festival) no IV Rio-Cine Festival (Rio de Janeiro, agosto/88), as premiações que Fernando Severo vem obtendo com suas homenagens ao cineasta Vlademir Kozák (1897-1979).
O "Tatu" vai para quem vê o real com a emoção
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 16 de setembro de 1988
Um olhar emotivo e sensível sobre a velhirce, enfocando o outono da vida de três octagenárias senhoras que moravam na cidade de Crateús (400 km de Fortaleza), deu a Nirto Venâncio, 32 anos, jornalista, com seu primeiro filme, o troféu "Tatu de Ouro" como melhor curta-metragem.
Clássicos em p&b: Proscrito, Astaire e A Estrela do Norte
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 16 de setembro de 1988
Há filmes que se tornam mais famosos pelos bastidores do que pelo resultado final. "O Proscrito" (The Outlaw) é um exemplo.
Na ficção, "Imagens" revela um paranaense
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 17 de setembro de 1988
Em sua maioria, os filmes e vídeos levados ao Festival de Cinema da Bahia são documentários - quase sempre com uma visão política-social bem definida. Internacionalizado com a participação de emergentes cinematografias da América Latina e também da África, dos países de língua portuguesa, a mostra que Guido Araújo idealizou e que, em 17 anos, se consolidou como uma das mais importantes, em sua área, em todo mundo, também não despreza as realizações em ficção. Prova disto é que um dos prêmios oficiais - Tatu de Prata - foi reservado para o melhor curta ou média neste gênero.
Vídeo independente amplia cada vez mais a realidade
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 17 de setembro de 1988
A necessária abertura também para o vídeo, fez com que a Jornada de Cinema da Bahia - a exemplo do que acontece no FestRio - passasse a oferecer múltiplos programas. Assim, mesmo sendo ainda uma promoção modesta dentro de sua realidade, as sessões se multiplicaram, com os vídeos agrupados tanto na área competitiva como informativa - distribuídas no auditório do Instituto Goethe, como no salão Atlântico do Hotel da Bahia (ao menos nos primeiros dias, pois, na segunda-feira a aparelhagem ali instalada pifou).
Uma Jornada com múltiplas opções
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 18 de setembro de 1988
Da modesta I Jornada Baiana de curta-Metragem, que Guido Araújo idealizou "como uma tentativa de restituir ao cinema da Bahia a vitalidade que este havia possuído durante a década de 60" - realizada entre 13 e 16 de janeiro de 1972, com apenas seis filmes (super 8 /16mm) inscritos, a esta XVII Jornada de Cinema da Bahia - acoplada ao IV Concurso de Filme e Vídeo Latino-Americano, a produção cresceu e se consolidou.
Negro em discussão no olhar da câmara
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 18 de setembro de 1988
Não poderia ser diferente: pelo próprio fato da população da Bahia ser formada em 70% de negros e o centenário da abolição dos escravos, o tema de muitos filmes e vídeos apresentados durante a XVII Jornada de Cinema da Bahia foi o negro.
Apesar da frustração do principal filme abordando o assunto - "Libertação", longa-metragem de Zózimo Bulbul, não ter tido sua cópia aprontada a tempo, para a exibição na noite de abertura - a programação da Jornada trouxe diferentes enfoques sobre a questão do negro - no lado social, cultural, político e ideológico.
Documentários sobre questões indígenas
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 18 de setembro de 1988
Assim como a questão negra teve diferentes enfoques nos vídeos apresentados em Salvador, durante a XVII Jornada de Cinema (8 a 14 de setembro), também a abordagem de assuntos relacionados aos índios mereceu apreciações em vários trabalhos em competição. Confirmou-se, assim, a preocupação dos realizadores agrupados nesta mostra que Guido Araújo promove desde 1972, na utilização da força das imagens como denúncia de graves problemas sociais.
As vozes maravilhosas que o tempo só faz melhorar
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 18 de setembro de 1988
Selma, uma bela mulher, double de professora universitária (trabalhando há anos numa tese sobre a ideologia do músico paranaense) e, sobretudo, cantora de excelente bom gosto, vai deixar Curitiba. Ganhou uma bolsa de estudos para a França, onde, apesar do alto custo de vida, quer ficar dois anos. Quem sabe, dentro em breve não estará fazendo carreira como solista.
Constituinte adiou o Festival de Brasília
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 20 de setembro de 1988
Até ontem, Fernando Severo ainda não havia recebido confirmação sobre se "O Mundo Perdido de Kozák" poderá ou não disputar o 21o. Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (5 a 11 de outubro). É que o regulamento deste evento - o mais antigo do cinema brasileiro - veta a participação, na área competitiva, dos filmes que já tenham obtido premiação principal em outros festivais.
Na Caixa, vídeos dos vanguardistas
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 20 de setembro de 1988
Cineasta de vanguarda, autor de um longa tão famoso quanto inédito ("Tristes Trópicos"), Arthur Omar foi quem, no II FestRio, na tumultuada sessão da madrugda em que Caetano Veloso exibia, pela primeira vez, o pretensioso "O Cinema Falado", teve a coragem de dizer que "o rei está nu" e que a proposta do compositor baiano, travestido de vanguardisa das imagens, já era déjà vu.
Também na Bahia o cinema vive crise
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 21 de setembro de 1988
Nos anos 60, a Bahia era o terceiro pólo cinematográfico do Brasil. Era a época de Glauber Rocha, Roberto Pires, Trigueirinho Neto, entre outros realizavam filmes que marcaram o cinema novo - num ciclo cujas raízes estavam ainda na segunda metade da década anterior e que teve no Clube de Cinema da Bahia, fundado em junho de 1950 pelo crítico Walter da Silveira, figura central (e teórica) do movimento que teria em "Redenção (1959), de Roberto Pires, uma de suas primeiras experiências bem sucedidas.
No campo de batalha
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 21 de setembro de 1988
A engenheira-agrônoma Maria Luiza Dhigini fez um curso de pós-graduação em Economia de Sistema Agro-Alimentar na Universidade de Vitero, na Itália, com resultados tão positivos que mereceu convite para estender seus estudos na área das Ciências Agrárias, agora na Universidade de Pisa. Veio a Curitiba, reviu os familiares e amigos e já se encontra novamente na Itália.
Leminski ganha música na vanguarda de Itamar
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 22 de setembro de 1988
Não há dúvida que o curitibano Paulo Leminski conseguiu enturmar-se com bom marketing entre a vanguarda paulista. A mídia impressa foi generosa na cobertura do evento No Canto da Palavra, iniciativa da Brasiliense Promoções Culturias que, por quatro noites no Dama Xoc realizou uma espécie de parcerias, juntando pessoal da música de vários estilos - e que se encerrou sábado, 17, com Leminski, Renato Russo e a cantora Fortuna falando de música pop e rock. Paulo até cantou e pelo visto vai acabar, em greve [breve], fazendo um disco.
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Pouca arte e muito lucro agora nos vídeo da Globo
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 22 de setembro de 1988
Desativada como empresa dentro do grupo Globo, os lançamentos em vídeo não serão abandonados. Só que agora será João Araújo, o godfather pela Globo Vídeo. Os executivos que atuavam na área só de vídeo já deixaram a empresa (que, aliás, apresentava lucratividade) e, ao que consta, o comercial vai superar o artístico. Assim, se foi a Globo Vídeo que lançou alguns dos melhores títulos do mercado - inclusive operístico, consta que, agora em diante, a receita vai mudar.
Os direitos humanos na Jornada da Bahia
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 23 de setembro de 1988
Desde a I Jornada Baiana de Curta-Metragem (13 a 16 de janeiro de 1972), que Guido Araújo idealizou e realizou graças ao apoio e entusiasmo de Rolland Schaffner, então diretor do Goethe Institut, em Salvador, esta promoção sempre se caracterizou pelos eventos paralelos à área competitiva. A proporção em foi se consolidando - crescendo já em 1973 para Jornada Nordestina de Curta-Metragem (3 a 12 de setembro) incluía um encontro preparatório do II Encontro dos Pesquisadores do Cinema Brasileiro, paralelamente a um seminário do filme Super-8 - bitola que tinha sua euforia naquela época
O mar e o céu nas cores do bom João
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 23 de setembro de 1988
João Osório Berzezinski teve uma prova de quanto é estimado e admirado na cidade. Sua individual, com novos trabalhos - óleos com a temática Ilha do Mel e cercanias - fez com que a nova sede da Casabranka Galeria de Arte (rua Euclides da Cunha, 965, Bigorrilho) fosse pequena para a multidão que foi abraçá-lo. Não só o abraço, como o interesse por seus quadros, para a alegria da marchand Letticia que, no final da vernissage, colocava a identificação de "vendido" em sete dos vinte trabalhos em exposição.
No campo de batalha
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 23 de setembro de 1988
Maria Augusta Koehler de Camargo é a nova presidente da Associação dos Docentes da Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Na vice, João Jacob Barbieri Neto e como secretária geral a professora Elizabeth Abagge Benghi.
A partir do dia 28, no auditório Salvador de Ferrante, Chico Nogueira apresenta a comédia "Doce Deleite", de Mauro Rasi e Marco Nanini. Diretor deste espetáculo - que teve sua estréia "off Curitiba", percorrendo o Sudoeste - Nogueira revela o talento de novos artistas - Inaê Giovannetti e Marco Antônio Mascarenhas.
Na batalha das rendas, até o filme com Sonia foi um fracasso
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 23 de setembro de 1988
Não é só o futebol. O cinema também pode ser adjetivado de caixinha-de-surpresas. Especialmente em termos de bilheteria. Eis um bom exemplo: "Rebelião em Milagre", segundo longa dirigido por Robert Redford, marcando praticamente a estréia de Sônia Braga numa produção americana (afinal, "O Beijo da Mulher Aranha", de Babendo, foi feito em São Paulo e só finalizado nos EUA) vem tendo uma excelente cobertura desde que foi iniciado, há quase dois anos.
Também assim não há público que resista
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 24 de setembro de 1988
Quarta-feira, 21, 19h45. Na portaria do edifício-sede da Caixa Econômica Federal (entrada rua José Loureiro), chegam dois casais que haviam programado assistir, no auditório do 15o. andar, a projeção dos 10 vídeos sobre artes plásticas na promoção denominada Rio Arte Vídeo. Apresentada como uma realização conjunta da Secretaria de Estado da Culutra/ Coordenadoria dos Museus/ Caixa Econômica Federal (conjunto cultural), e que havia merecido um sofisticado poster (como, aliás, sempre acontece nos eventos desta pasta) e anunciava o início para aquela ocasião.