Artigos por data (1984 - Janeiro)
No antigo matadouro o museu de botânica
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 03 de janeiro de 1984
Há muito tempo que se pergunta qual o destino que se poderia dar ao antigo Matadouro Municipal, desativado há mais de 20 anos, no bairro do Guabirotuba. Já em sua primeira administração, o arquiteto Jaime Lerner pensou em ali implantar um grande centro étnico, espécie de feira (permanente) das nações, representativas dos vários povos que formaram o Paraná. O arquiteto Rodolfo Doubek Filho chegou a fazer um bonito projeto, mas a idéia não andou.
A boa fala de Richa
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 03 de janeiro de 1984
O governador José Richa não poderia ter sido mais feliz, ao escolher o tema para a saudação de ano novo, transmitido na noite de domingo, pela rede estadual de televisão.
Na Oração de Edilson a nossa mensagem de paz!
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 03 de janeiro de 1984
Calem-se as baionetas para que se ouça a criança.
Cale-se o arbítrio para que finde o lamento
Calem-se as serenas para que ouça o canto.
Cale-se a injustiça para que finde a revolta.
Calem-se os motores para que se ouça o amigo.
Cale-se o ódio para que finde o desespero.
Calem-se os músculos para que se ouça a carícia.
Cale-se a fome para que se finde o crime
Calem-se os gritos para que se ouça a esperança:
e que a esperança cale as fronteiras para que se ouça a PAZ.
Que Deus abençoe a todos os homens que se perderão
no caminho em busca da harmonia.
A música e a política na "geração Positivo"
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 04 de janeiro de 1984
O grupo Positivo procura estimular a criatividade de seus 15 mil alunos espalhados nos colégios de Curitiba, Londrina, Ponta Grossa, Guaira, Salto Osório e até Guri, na Venezuela. Assim lançou o volume 7 de "Palavra Viva", com textos selecionados entre mais de mil alunos e o elepê "Música Viva 83" com as finalidades dos shows realizados em Londrina e Curitiba.
Bianchi, o melhor de nosso cinema em 1983
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 04 de janeiro de 1984
O cineasta Sérgio Bianchi deve estar sorrindo bastante deste sábado, quando leu o Caderno de Programas e Leituras do Jornal da Tarde, de São Paulo. É que na lúcida análise sobre o ano cinematográfico, vendo com realismo um ano crítico - cinemas fechando, público em recesso, crise pelas telas do Brasil e do mundo, o estabelecimento de vídeo-cassete entre a classe média, com dezenas de vídeo-clubes nas primeiras cidades brasileiras - ao se referir ao cinema brasileiro, o grande elogio foi para Bianchi.
Key e a cultura popular (I)
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 05 de janeiro de 1984
Key Imaguire Júnior é uma das pessoas mais fascinantes desta cidade. Arquiteto e professor, especializado inclusive em obras de restauração de antigos edifícios, Key, numa discreção oriental, dedica-se ao estudo dos quadrinhos e cartoons - tema do qual tem a mais completa biblioteca especializada no Paraná (e, creio mesmo, uma das melhores do Brasil). Mas seu interesse não se restringe a arquitetura e aos comics.
A guerra da circulação no "Largo da Desordem"
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 05 de janeiro de 1984
A guerra do estacionamento no Largo da Ordem - ou da Desordem, conforme a expressão cunhada pela germânica taberneira Ingeborg Rust - vai continuar. De um lado, o Ippuc e a Polícia Militar, dispostos a impedir a transformação do setor histórico da cidade num estacionamento para quem freqüente os pubs e restaurantes que surgiram naquela área. De outro, os comerciantes, alegando prejuízos, exigindo que os fregueses tenham o comodismo de estacionarem os veículos defronte os ambientes noturnos.
No campo de batalha
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 05 de janeiro de 1984
O editor Gunther Schott está tendo um início de ano movimentado: desde ontem está em São Paulo, participando de reunião de músicos contemporâneos de toda a América Latina, na cidade de Tatui. Dia 19, com sua filha, embarca para Meinz, Reública Federal da Alemanha, de onde retorna no final de fevereiro. Quando , então, inicia um projeto de difusão da música contem porânea em Curitiba.
Key e a Cultura Popular (II)
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 06 de janeiro de 1984
O grande humanista e indianista Noel Nutels foi um dos maiores amigos do artista Poty Lazarotto. Juntos, chegaram, por brincadeira, a desenvolver um curioso projeto: fazer uma porta de banheiro, na qual o artista curitibano colocaria sua reconhecida arte em trabalhar com a madeira, com uma seleção das mais picantes frases que, ambos, há anos colecionavam das portas de banheiros públicos. A curiosa idéia foi vetada pelas esposas de Noel e Poty, que afinal, alegaram que esta visão de preservação artística da cultura popular dificilmente seria entendida pela maioria das pessoas.
No campo de batalha
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 06 de janeiro de 1984
A temporada de verão e o grande movimento nas praias animou o jornalista Victor Grein Neto a reeditar a "Folha do Litoral", que volta a circular hoje, em todas as praias do Paraná. O número um da "Folha do Litoral" saiu di 1o de setembro de 1978, mantendo-se por 25 semanas, até fevereiro de 1979. Agora, com nova paginação e dedicando-se a tudo que se relaciona ao Litoral, a esperança de Victor Grein é manter o jornal mesmo após as férias de verão.
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Um deserto cultural neste quente janeiro
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 07 de janeiro de 1984
A Fundação Teatro Guaíra vem anunciando, de todas as formas - releases, na edição da programação de dezembro (agora impressa em papel caríssimo, formato de poster e com patrocinio de uma joalheria), de que "assim como os teatros do mundo inteiro, Guaira também fecha para revisão: Janeiro/84".
Key e a cultura popular (III)
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 07 de janeiro de 1984
As pichações dos muros da cidade, os gibis artesanais feitos por adolescentes e as chamadas "correntes da sorte" constituem temas de três dos "Cinco Estudos de Cultura Popular", que Key Imaguire Júnior publicou no final de dezembro. A análise das volantes de sortistas e das frases escritas em cédulas (literatura monetária), comentadas em nossas colunas de quinta e sexta-feira, completam este original trabalho de Key, arquiteto, professor e estudioso das manifestações populares.
Ibope muda pesquisa e as rádios suas programações
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de janeiro de 1984
A decisão da Rádio Independência em suspender dois programas em sua programação diária - "A Baiuca do Xiló", de Paulo Cesar (Etevaldo Cunha Santiago) e "Zé do Pito (Antonio Feorenzano) - foi apenas um dos reflexos do último boletim do Ibope.
O revolucionário Schoenberg e Bach nas teclas de Martins
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de janeiro de 1984
Com a música erudita ocorre, de certa forma, o mesmo que acontece com a economia brasileira: há um processo de empobrecimento da classe média que se reflete na recessão que atinge a todos, mas uma camada especial acumula cada vez maiores lucros. Por isso, Pierre Cardim se dá ao luxo de, acintosamente, inaugurar o Maxim's, no Rio de Janeiro, com pratos a Cr$ 100 mil. A fonografia, que também sentiu diretamente a dureza do ano que se encerrou, teve que adotar novo marketing de lançamentos, escolhendo comercialmente os títulos a serem editados.
Compactos da esperança
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de janeiro de 1984
De um lado, a música clássica, com o público seguro, embora exigente. De outro, os riscos de um investimento mínimo de Cr$ 3 a Cr$ 5 milhões para um elepe popular. Entre tanta distância, o compacto volta a ser uma opção viável e economicamente estimulante. Ora, se o Magazine com "Sou Boy", Paralamas do Sucesso com "Vital e sua Moto" e outros grupos de rock venderam mais de 100 mil bolachas ganharam seus elepes, já na praça não é de estranhar que tantos compactos - simples ou duplos, tenham saido nas últimas semanas.
O Paraná no canto de Belarmino e Gabriela
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 10 de janeiro de 1984
Nhô Belarmino e Nhá Gabriela. Mais do que uma dupla de artistas sertanejos, uma verdadeira identificação com o Paraná dos anos 40 a 70. Donos de uma popularidade regional tão representativa quanto de outras duplas em outros Estados - Cascatinha e Inhaná, Jararaca e Ratinho, para só citar dois exemplos.
Desenhos de Poty para os meninos de Antônio
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 10 de janeiro de 1984
Quando o editor Alfredo Machado convidou o artista Poty Lazarotto para fazer as ilustrações do novo livro de João Antônio, "Meninão do Caixote" (Record, 110 páginas, Cr$ 1.500,00), imaginava que o consagrado desenhista, responsável pela arte de valorização visual de tantos livros notáveis, se restringiria apenas a poucos desenhos.
O mineiro Délcio penetra no mundo dos homoeróticos
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 11 de janeiro de 1984
"O debate", bravo semanário que a 23 anos vem sendo editado em Irati pelo jornalista e poeta José Maria Orreda, dedicou um pequeno editorial na edição de 3 de dezembro último ao "Gay Power". O texto levanta as preocupações da comunidade iratiense com o crescimento do homossexualismo naquela cidade, onde "os grupos de 'donzelos' andam pela noite caçando o bicho homem, principalmente jovens inexperientes e marginalizados pela família ou sociedade. Pois na época que vivemos onde o charme e o luxo são indispensáveis; as estravagâncias e o prazer inevitáveis, tudo pode ocorrer.
A última sessão do mais antigo cinema
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 12 de janeiro de 1984
Inúmeras vezes dedicamos o espaço desta coluna a registrar a resistência do Cine Central, de Irati, como o mais antigo cinema brasileiro nas mãos de um único exibidor, João Wasileski.
Há pouco mais de um ano, com tristeza, registramos o falecimento do velho exibidor, que chegando ao Brasil ainda garoto, estebeleceu-se em Irati, onde a 28 de agosto de 1920, inaugurou o seu cinema.
O dia anterior (I)
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 13 de janeiro de 1984
As 9h30min de sábado, 7, havia longas filas de adolescentes e crianças nas calçadas do cine Condor, para a pré-estreia de "Jogos de Guerra", em promoção da UIP-Polygram-Rádio Caiobá FM, para divulgar este filme que a partir de ontem começou sua carreira comercial (5 sessões diárias). Em poucos minutos, um público basicamente jovem lotou o cinema e a algazarra foi grande: gritos, vaias, aplausos - enquanto, ao máximo, o sistema de som do cinema divulgava a trilha sonora de "Flashdance".